Entender o significado de uma fotografia e sua contribuição para as artes visuais vem sendo ponto de debate desde o movimento pictorialista ou antes. O fato é que mentes brilhantes como Humberto Eco, Roland Barthes, Jean-Claude Lemagny entre outros se debruçaram sobre o tema.
Roberto Signorini (1947-2009) é autor de diversos ensaios sobre fotografia como abordagem da realidade e das artes visuais. O livro é praticamente uma grande nota de rodapé, onde o autor faz citações e interpretações de outros ensaios sobre o tema, os limites da fotografia e a reflexão teórica nas décadas de 1980 e 1990. Por trazer para debate ensaios de filósofos e semióticos, o tema é profundamente teórico no que diz respeito a simbologia da fotografia enquanto representação da realidade.
As duas perguntas que norteiam o ensaio de Signorini, "que relação a fotografia tem com a realidade? e "Qual sua contribuição para as artes visuais? mesmo nos dias vindouros, parece estar longe de um consenso entre percepção e significado de uma fotografia.
O que fazemos com efeito, diante de uma imagem fotográfica, senão perceber primeiro "a cena como cena [real]" (modalidade alfa) e depois assumir (modalidade beta) seus "vários elementos como mensagens que o autor "[nos] envia" e pelos quais [nos] sugere possibilidades interpretativas", a tal ponto que nos induz a ir além, passando "a interpretação daquilo que [a imagem] pode dizer independente das intenções de seu autor e justamente porque o assumimos com fato comunicativo?... (p.151)
modalidade alfa = semiose perceptiva (ou base)
modalidade beta = semiose ilimitada
Há passagens no livro sobre a fotografia de Robert Frank...
"Robert Frank com suas peculiaridades - como a importância dos elementos visuais planos, em que não há nada que possa atrair particularmente o olho"... "Elas produzem aquela emoção perceptiva ( o efeito sublime) que é o resultado estético por excelência da imagem fotográfica livre". (p.119).
Não se trata de leitura de fácil assimilação, dado aos conceitos filosóficos e semióticos abordados, mas por outro lado instiga, ao ponto do incomodo, a buscarmos entender do que se trata esse recorte instantâneo do tempo que é a imagem fotográfica.
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