Escrito e dirigido por Ryu Murakami Tóquio em Decadência espelha o desgaste da cultura nipônica diante do culto do materialismo, dos excessos e desvio de tradição, seja pela influência do ocidente ou pela falta do resgate de valores. Ai (Miho Nikaido) é uma Call Girl especializada em sexo nada convencional, BDSM que tem na sua carteira de clientes homens e mulheres de negócios, membros da Yakuza e outros tipos com igual e excêntrico gosto sexual. Murakami cria um interessante contraste entre a inocência de Ai e suas atividades para se sustentar na cara e desvirtuada Tokyo do séc. XX.
As cenas de BDSM são trabalhadas bem ao estilo nipônico, ou seja, com muita paciência, chegando a exaustão, como é o caso da cena de abertura, na qual vemos Ai realizando uma dança, na verdade um movimento de quadril que é repetido várias vezes até a satisfação do cliente.
As atuações criam verdadeiros conflitos entre, fragilidade, quebra tabus patriarcais, fantasias e o materialismo, seja para sobrevivência ou mesmo para satisfazer perversões e desejos a margem das convenções sociais. E a fotografia contribui para essa atmosfera melancólica, desgastada e até com ares de desesperança, que se instalou no pós guerra no qual o país se embebedou da cultural ocidental. Ai encarna conflituosa relação, entre o Japão moral e ético dentro de suas tradições milenares, até ingênuo perante o Ocidente, e a perda ou esgotamento dessas tradições perante um mundo globalizado, no qual as culturas se diluem cujo substrato, é a decadência.
E mesmo em cenas onde prevalece o humor negro Murakami nunca põe em xeque a pureza de Ai que aceita a submissão a seus clientes sem qualquer reclamação. Tokyo em Decadência é desses filmes que vai ficar remoendo em seu consciente por alguns dias e quando achar que ele é apenas mais um filme de muitos que já assistiu, você passa a ser incomodado pelas cenas magistralmente criadas por Murakami. Ao final o filme deixa o incomodo, reflexão diante do estranho, erótico e poético.
As cenas de BDSM são trabalhadas bem ao estilo nipônico, ou seja, com muita paciência, chegando a exaustão, como é o caso da cena de abertura, na qual vemos Ai realizando uma dança, na verdade um movimento de quadril que é repetido várias vezes até a satisfação do cliente.
As atuações criam verdadeiros conflitos entre, fragilidade, quebra tabus patriarcais, fantasias e o materialismo, seja para sobrevivência ou mesmo para satisfazer perversões e desejos a margem das convenções sociais. E a fotografia contribui para essa atmosfera melancólica, desgastada e até com ares de desesperança, que se instalou no pós guerra no qual o país se embebedou da cultural ocidental. Ai encarna conflituosa relação, entre o Japão moral e ético dentro de suas tradições milenares, até ingênuo perante o Ocidente, e a perda ou esgotamento dessas tradições perante um mundo globalizado, no qual as culturas se diluem cujo substrato, é a decadência.
E mesmo em cenas onde prevalece o humor negro Murakami nunca põe em xeque a pureza de Ai que aceita a submissão a seus clientes sem qualquer reclamação. Tokyo em Decadência é desses filmes que vai ficar remoendo em seu consciente por alguns dias e quando achar que ele é apenas mais um filme de muitos que já assistiu, você passa a ser incomodado pelas cenas magistralmente criadas por Murakami. Ao final o filme deixa o incomodo, reflexão diante do estranho, erótico e poético.
Diretor: Ryû Murakami
Elenco: Miho Nikaido, Sayoko Amano, Tenmei Kano, Kan Mikami, Masahiko Shimada, Yayoi Kusama, Chie Sema, Hiroshi Mikami
a foto do cara com os dedos na boca da Japonesa e a cara de pavor dela é bizarra e engraçada ao mesmo tempo!! Marcos Punch.
ResponderExcluirEsse filme ainda causa estranheza e desconforto mesmo nos dias vindouros, pois o sexo ainda é um dos grandes tabus da sociedade ocidental. Obrigado pelo comentário.
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