Por Pachá
Nelson Pereira dos Santos transpõe pra tela, com grande maestria, Vidas Secas. Baseado na obra homônima de Graciliano Ramos. Filme narra saga de Fabiano e família, que foge repetidas vezes da seca. O ano é 1940, sob sol de rachar moleira, família deixa pra trás o que nunca foi deles. Sinhá Vitoria (Maria Ribeiro) trás na cabeça baú com os poucos pertences da família. Fabiano (Atila Iório) em trapos carrega arma que nada serve diante de incansável sol. Os dois filhos sem noção da miséria, apenas sentem cansaço de longa marcha. A cadela baleia, humanizada, única diversão dos meninos, vai a frente sempre atenta para qualquer movimento que denuncie preás da caatinga.
Composto de longos e lentos planos, Nelson situa espectador dentro da tônica da obra de Graciliano, homem e o meio hostil, a caatinga. Não há revolta daqueles que sofrem no solo estorricado, na vegetação cinza quebradiça. Há resignação, esperança de chuva. Na primeira parada da família pra descanso e refeição, farinha seca e nada mais. O papagaio vira almoço, sob justificativa de sinhá Vitoria – Servia de nada, nem falar sabia. Há sutileza nessa passagem, a família pouco se fala, a interação é através de olhares, gestos e parcas palavras que mais parecem grunhidos. Como papagaio poderia falar, quando se sabe que essa ave aprende pela repetição?
Outra cena marcante, e bem assimilada do texto de Graciliano é a curiosidade do filho mais velho ao escutar palavra inferno de uma rezadeira, pergunta a mãe, sinhá Vitoria, o que é inferno e recebe resposta, é um lugar ruim, com espeto de fogo para onde vão aos condenados. Não satisfeito com resposta, menino pergunta se mãe já esteve lá, e recebe saraivada de cascudos e por fim se conforta com baleia que o ajuda nesse difícil momento.
Composto de longos e lentos planos, Nelson situa espectador dentro da tônica da obra de Graciliano, homem e o meio hostil, a caatinga. Não há revolta daqueles que sofrem no solo estorricado, na vegetação cinza quebradiça. Há resignação, esperança de chuva. Na primeira parada da família pra descanso e refeição, farinha seca e nada mais. O papagaio vira almoço, sob justificativa de sinhá Vitoria – Servia de nada, nem falar sabia. Há sutileza nessa passagem, a família pouco se fala, a interação é através de olhares, gestos e parcas palavras que mais parecem grunhidos. Como papagaio poderia falar, quando se sabe que essa ave aprende pela repetição?
Outra cena marcante, e bem assimilada do texto de Graciliano é a curiosidade do filho mais velho ao escutar palavra inferno de uma rezadeira, pergunta a mãe, sinhá Vitoria, o que é inferno e recebe resposta, é um lugar ruim, com espeto de fogo para onde vão aos condenados. Não satisfeito com resposta, menino pergunta se mãe já esteve lá, e recebe saraivada de cascudos e por fim se conforta com baleia que o ajuda nesse difícil momento.
A família depara com pequena fazenda abandonada e decidem tomar posse. A chuva que cai, traz promessa de fartura. Mas logo dono da fazenda (Jofre Soares) aparece. Fabiano vira empregado do fazendeiro. Sem domínio da leitura, escrita e matemática básica, fica a mercê da esperteza do fazendeiro. Sinhá Vitória sonha com cama de couro, anseia viver como gente, não como bicho. Fabiano trabalha duro, que ganha mal dá pra alimentar família. Assim como livro, o filme abdica de qualquer voz de protesto e aponta câmera para interação homem e meio.
Nelson Pereira dos Santos é cineasta brasileiro que mais adaptou obras literárias para o cinema, Jubiabá de Jorge Amado, O alienista de machado de Assis, Memórias do cárcere também de Graciliano só para citar algumas. Vidas Secas foi indicado a Palma de Ouro no festival de Cannes.
Nelson Pereira dos Santos é cineasta brasileiro que mais adaptou obras literárias para o cinema, Jubiabá de Jorge Amado, O alienista de machado de Assis, Memórias do cárcere também de Graciliano só para citar algumas. Vidas Secas foi indicado a Palma de Ouro no festival de Cannes.
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