Por Pachá
As dores, incertezas, aflições que rodeiam a transição da adolescência para fase adulta é uma fonte inesgotável para o cinema, dado que a cada geração e mudança de hábitos da sociedade esses conflitos ganham outras nuances.
Silvia (Luiza Kosovski) é uma adolescente que precisa lidar com a perda de seu namorado, Arthur (Juan Paiva) que é hemofílico. A linguagem narrativa com poucas explicações, bem ao estilo video clipe, explora as reações de Silvia sob a ótica imediatista e pouca estrutura para lidar com frustrações e perdas que caracterizam a geração dos anos 2000 ou Z.
A trama ganha atmosfera misteriosa quando Silvia parte para entender seu sofrimento ao procurar pessoas próxima a Arthur. Nessa viagem que também representa o autoconhecimento, o roteiro imprime estranheza e falta de lógica para compor o universo da personagem, e ai, não sei se foi intencional, mas fiquei com a percepção de falta de empatia pela personagem, como aqueles que sofrem com dedo furado por um alfinete, ou seja, um sofrimento arquitetado por um demanda oportunista. Entendo que há todo um trabalho para fugir dos filmes teenagers com personagens condenados a morte por um câncer ou doença rara.
A fotografia de Felipe Quintelas é primorosa, com enquadramentos e movimentos que auxilia o ritmo amplificando o ar misterioso, com muito uso de neon, lembrando os filmes de Nicolas Winding Refn, mas precisamente Neon Demon.
As atuação não ferem nem engrandecem a trama, mas Luiza Kosovski carrega bem esse ar de agonia silenciosa dos adolescentes, ainda que os diálogos e sua narração sejam um pouco forçada.
Sem seu Sangue vale muito ser visto, ainda que fique restrito a uma público mais atento para esse tipo de narrativa.
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