Por Pachá
Inspirado em fatos reais Luzifer é ambientado nas isoladas montanhas austríacas. Maria (Susanne Jensen) e seu filho Johannes (Franz Rogowski) vivem em uma casa em condições deploráveis e dependem de ajuda de alguns amigos que vivem pela região, igualmente isolados, e em similar condição. Johannes tem deficiência mental, e sua conexão com mundo é basicamente pela sua mãe e os falcões. A rotina de mãe e filho é alterada quando um nos é mostrado que a casa de Maria está no meio de uma estação de esqui.
Com uma resistência pacifica, amparada em uma fé religiosa, que lembra os rituais pagãos de seus ancestrais misturados com fanatismo cristão, Maria recusa toda oferta de venda de sua propriedade. Esses elementos dotam a narrativa com toques de horror amparado em uma tragédia iminente.
O filme vai se molando entre a devoção profana de Maria e a inocência de Johannes que a todo instantes se questiona, "cadê o diabo?". E como a narrativa não entrega nada fácil, a materialização desse mal, bem pode ser a misteriosa caverna na montanha ou a equipe de construção que desmata o paraíso.
A fotografia nos instantes iniciais me pareceu equivocada, confesso que fiquei incomodado, quando temos uma câmera sempre em movimentos de aproximação, afastamento, slides que mais lembram um comercial de Tv, mas passado essa tentação a fotografia passa a seguir os personagens e captura a exuberância para nos convencer que de fato, ali é o paraíso, ainda que a montagem tente contrapor e amplificar a atmosfera de mistério, acaba confundindo ao realizar corte em sequencias não concluídas ou mesmo em repetições que em nada agregam, a narrativa proposta de contrapor de forma idílica sua visão maniqueísta, do progresso contra a natureza ou qualquer coisa que o valha
As atuações são poderosas, principalmente de Franz Rogowski que entrega uma performance em gestos, olhares e expressões corporais, e propositalmente, confunde a leitura e interpretações dos espectadores quando se tenta decifrar suas falas, e ai esse Luzifer mais lembra o Lúcifer de Strindberg.
Ato 1
Deus e Lúcifer, cada um em seu trono, rodeados de anjos. Deus é um velho de expressão severa, quase malvado, longa barba branca e pequenos chifres, como Moisés de Miguel Angelo. Lúcifer é um belo jovem, tem alguma coisa de Prometeu, Apolo e Cristo. Seu rosto é branco, luminoso, os olhos chamejantes, os dentes brancos. Há uma auréola em sua cabeça.
Luzífer não é um filme fácil e certamente não vai alcançar um grande público, e sim aqueles que curtem diretores com a mesma proposta como por exemplo, Carlos Reygadas
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