quinta-feira, 19 de maio de 2022

The NorthMan

 
Por Pachá

O terceiro filme de Eggers, A Bruxa, O Farol  é um colírio para o tema Viking quando há uma gama enorme de filmes e séries com essa temática, e muitos com uma visão equivocada sobre o século VII - IX, período em que os povos do norte se expandiram pela Europa, chegando a América do Norte e Ásia. E segundo o próprio diretor a idéia com O Homem do Norte era contar uma história definitiva sobre os Viking, eu particularmente não gosto da palavra definitiva quando pesquisa histórica está envolvida, mas é fácil entender o ponto de vista do diretor a partir do momento em que uma das fonte de pesquisa para o filme, é o livro "Vikings, a história definitiva dos povos do norte" do arqueólogo Neil Price um dos mais importantes pesquisadores sobre os Vikings.

A trama segue a trajetória de Amleth (Alexander Skarsgård) que testemunha a morte de  seu pai, o rei Aurvandil War-Raven (Ethan Hawke) pelo tio, irmão do rei, Fjölnir (Claes Bang). Amleth foge mas jura vingar a morte do pai e libertar sua mãe, Gudrún (Nicole Kidman). 

A história do príncipe Amleth foi escrito no século XIII, na A história dos dinamarqueses, e inspirou a obra de Shakespeare Hamlet. De acordo com o documento, Amleth após descobrir o assassinato do pai tramado pelo tio, trama uma vingança. Então Amleth fingi loucura (na idade média, os loucos eram os bobos ou tolos da corte) para não ser morto, já que um tolo não oferece perigo. Na trama de Eggers Amleth consegue fugir e após se tornar um grande guerreiro, decide vingar seu pai e libertar sua mãe. 

A construção do universo Viking proposta pelo roteiro confere grande veracidade, denotando uma pesquisa histórica apurada, ainda que o idioma inglês, falado com sotaque carregado incomode, deixando de lado o dialeto nórdico ou mesmo prejudicando esse. Dentre os aspectos sociais do Vikings a dos esporte e o laços por meio destes entre as famílias foi muito bem sacado, assim como aspectos do comércio e construções desmitificando a visão dos povos do Norte de apenas ferozes guerreiros e saqueadores.


A saga do Homem do Norte não pode ser visto como filme de ação pura e simplesmente, e sim como um filme imerso em cultura, simbologia e tradição amparada em uma pesquisa histórica que instiga o espectador querer saber mais sobre o tema. E sim, o filme é brutal, com cenas fortes e violentas.

As atuações são primorosas, mesmo personagens com pouco tempo de tela, como Willem Dafoe, o tolo Hemir que nada mais é um do que uma diluição da história de Amleth, ou melhor, uma conexão direta com esta. Björk como a feiticeira presciente que revela o caminho de Amleth cumprem papel importante dentro da trama. Skarsgard está muito bem e convence como guerreiro atormentado por um vingança na qual precisa escolher entre o ódio aos seus inimigos e o bem aos seus descendentes. Anya Taylor-Joy mais um vez mostra versatilidade. Nicole Kidman sempre eficiente e cumpre bem seu papel de catalisador para loucura de Amleth, e note que em seu último diálogo com filho, é possível enxergar uma outra trama shakespeareana, Macbeth.

A fotografia de Jarin Blaschke que dirigiu a fotografia dos outros dois filmes de Eggers, é muito bem conduzida, com belos movimentos de câmera, explorando sombras, silhuetas e crueza nas cenas de lutas.

The Northman é um filme instigante, belo e brutal que vale tanto pelo entretenimento como pela pesquisa histórica.



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