Com esse discurso o personagem central de “A noite dos cangaceiros mortos-vivos” do jornalista Edson Aran (sim o editor da Playboy) tenta convencer quem ele vai encontrando pelo meio de sua jornada até Brasília, que o cangaço é que vai salvar o Brasil e o mundo. Vai salvar o Brasil porque vai destruir o mito do Sebastianismo, movimento místico ocorrido em Portugal no sec. XVI no qual o trono português foi dado a Felipe II, da Espanha da casa dos Habsburgo, devido a morte de D. Sebastião na batalha de Acerca-Quibi em 1578, e que segundo nosso intrépido anti-herói, Ermenegildo Pinto, alguns portugueses e brasileiros esperam a volta de D. Sebastião até hoje o que nos coloca na condição de párias até os dias vindouros. Vai salvar o mundo porque com o cangaço implantado o Brasil exportará cangaceiros para todo o globo.
A saga é demais engraçada, e não poupa religião, fatos históricos, natureza, tudo vira chacota na visão e percepção de Ermenegildo. Mas a parte engraçada é o encontro dele com certa Academia Real de Ciências Celtas Intergalática, uma mistura de santo Daime, com candomblé no meio do pantanal. A linguagem é pop, com sexo e muita violência a lá Tarantino e explicita homenagem aos filmes de terror de baixo orçamento. “A noite dos Cangaceiros mortos-vivos” é uma crítica a globalização e as técnicas de ser sujeito vencedor, bem sucedido, tão empregado pelo mundo corporativo, livros, e revistas do gênero.
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