O diretor Ronald F. Maxwell que também assina roteiro (adaptado da obra de Jeff Shaara) desse épico sobre a guerra civil americana, estava pouco preocupado em mostrar os motivos dos conflitos entre norte e sul dos Estados Unidos. O confronto que se iniciou em 1861, quando Europa estava imersa em vários conflitos sobretudo pelas conseqüências propagadas pela revolução francesa, e mesmo quase um século depois ainda produzia movimentos revolucionários por toda Europa. A partir da segunda metade do séc. XIX o mundo começava a se desenhar rumo ao imperialismo, com Inglaterra em pleno avanço industrial, a França como exemplo de organização política e Alemanha como potência militar. Acontece que a revolução industrial demandava mercados, impulsionada pelos avanço tecnológico dos meios de produção, a industria têxtil nesse momento ocupava grande destaque, o algodão sua matéria prima era de suma importância para manter o avanço do capitalismo. Nesse ponto é que entra os Estados Unidos onde os estados do sul tinham economia baseada no latifúndio (agrícola praticamente) produtora de algodão (principal fornecedor inglês) com mão de obra escrava, o que de certa forma ia contra corrente industrial propagada pela Europa, e nesse sentido os estados do norte estavam em plena comunhão com os ideais europeus, ou seja, era preciso unificação para fortalecimento industrial e abolição da escravidão (não há nesse fato nenhuma intenção social) para fomentar consumo, negros livres consomem, escravos não, o que desagradava os sulistas, que achavam que a unificação significava marcha de yankees sobre solo dos condados do sul. Outro fato, e talvez mais importante, seja pelo rápido avanço da região norte que na tentativa de fortalecer expansão industrial adotou políticas protecionistas a entrada de produtos estrangeiros, o que gerou altas taxas para os condados da confederação do sul que buscava como saída uma política de livre comercio com outros países a preços mais baixos de produtos industrializados já que eram extremamente atrasados quanto a industrialização. A tensão entre norte e sul vem desde a independência dos estados Unidos.
O ponto importante do filme, em minha percepção, é dar a visão dos derrotados do conflito já que os confederados (sul) foram derrotado pelos federados (norte) em 1865. Prevaleceu o ideal maior de uma "nação" (o nacionalismo ainda não era a força do Estado), sua sobrevivência e Lincoln sabia disso.
A visão dos confederados esta pautado sobre tudo na percepção do general Jackson (Stephen Lang), um militar extremamente religioso que infla respeito e coragem de seus homens motivando-os a lutarem pelos seus lares e suas terras, ideais pouco sustentável quando bem maior está em jogo, e um dialogo dá exata clareza da insensatez do conflito "seu pais, o meu pais é uma coisa só" mas quando semente da discórdia está semeada nada ou ninguém pode demove-la. E mais uma vez, o nome de Deus é usada para justificar atrocidades, "que seja a vontade de Deus" esta frase permeia todo o filme, em ambos os lados do conflito.
No outro lado, federados, a percepção é de um professor que vai ao fronte como coronel Lawrence (Jeff Daniels). Como parte da elite, Lawrence é imbuído dos ideais iluminista/positivista e mesmo sem questionar os confederados, não deixa de ver razão no conflito. Pouco explorado está percepção dos negros, uma empregada e cozinheiro, ambos do lado dos confederados, quando se sabe da grande participação dos negros nesse conflito. Após fim do conflito com vitoria dos federados, prevaleceu o abolicionismo, mas nada foi feito em termos de política de inclusão para grande massa de negros na sociedade americana. O resultado da guerra foi devastador, mais de 500 mil mortos e terras devastadas.
É de se estranhar da visão de guerra de Maxwell, uma guerra limpa, não há sangue no filme, vemos corpos jogados pro alto como crash test dummy, mas nada de sangue. O que fica mesmo do filme é exaltação de oficiais americanos onde a carnificina é justificada pela fé em ambos os lados e pretensão de Maxwell de retratar a historia tal qual um livro de historia, ruim por sinal. Em versão dupla os DVDs trazem extras pobres, onde se esperava uma explicação melhor sobre razão dos conflito. Mas este também não é o forte, nem preocupação de Maxwell.
O filme faz parte de uma trilogia da qual tem; Gettysburg de 1993 e Last Full Measure.
É de se estranhar da visão de guerra de Maxwell, uma guerra limpa, não há sangue no filme, vemos corpos jogados pro alto como crash test dummy, mas nada de sangue. O que fica mesmo do filme é exaltação de oficiais americanos onde a carnificina é justificada pela fé em ambos os lados e pretensão de Maxwell de retratar a historia tal qual um livro de historia, ruim por sinal. Em versão dupla os DVDs trazem extras pobres, onde se esperava uma explicação melhor sobre razão dos conflito. Mas este também não é o forte, nem preocupação de Maxwell.
O filme faz parte de uma trilogia da qual tem; Gettysburg de 1993 e Last Full Measure.
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