O título dado (no Brasil) ao filme do diretor Kassovitz que também vive o protagonista é enganoso e desproporcional ao que propõe a mensagem do filme. Baseado em fatos reais extraído do livro do ex-capitão do GIGN-Groupe d'intervention de la Gendarmerie Nationale (grupo contra-terrorista dos mais bem preparados do mundo) Philippe Legorjus lançado em 1990. A ordem e a moral é um caso de imperialismo em pleno séc. XX. Nova Caledônia é um arquipélago na Oceania situado a 16.000 Km da França o pais soberano dessa distante ilha paradisíaca, declarada colônia francesa no séc. XIX quando as potências do período (Inglaterra, França) estavam dividindo o globo. Acontece que essa pequena e estreita faixa de terra no oceano pacifico possui grandes reservas de níquel, sendo o terceiro maior produtor mundial.
Em 1988 por conta de uma lei que afetaria autonomia dos cidadãos da ilha, os karnaks. Um grupo de nativos invade uma das bases francesas mata quatro soldados e faz 30 reféns. Como exigência, pede a independência da Nova Caledônia, coisa que a França não esta disposta a negociar. Para efetuar as negociações de libertação dos reféns é acionado o GIGN cujo capitão Philippe Legorjus (Mathieu Kassovitz) é um experiente negociador em situações do gênero. A trama vai girar em torno dessa negociação e os desdobramentos políticos, ainda mais que França está em período de eleições na qual Chirac tenta novo mandato e há eventos mais graves do que insurgência de "selvagens" como deixa transparecer um dos generais do exercito francês.
Qualquer semelhança com apocalypse now é mera coincidência
A maneira como Kassovitz coloca o espectador na cena do conflito, no interior da selva me pareceu um tanto confusa, com vários planos sendo alternados a todo instante para criar atmosfera caótica de guerra. A fotografia super exposta, câmera por entre palmeiras e folhagem como forma de trazer alguma poesia para o drama do povo karnak acaba, em minha percepção por tirar verossimilhança do conflito, que é contrabalançado com as disputas de gabinetes onde é patente o descaso pela diplomacia deixando claro o final belicoso, pois o nacionalismo não pode ser ferido impunemente, o exercito francês, segundo seus generais foi humilhado e deve responder a altura. Creio ser por esse motivo, o desfecho armado inevitável, que Kassovitz na pele de Legorjus deixa claro sua impotência já na primeira cena e nos dá o final do filme, onde todos os rebeldes foram mortos e apenas dois reféns feridos no fogo amigo, o que segundo analise militar, é uma operação bem sucedida. Outro ponto que chama atenção é como nos é mostrado o grupo de operações especiais francês o GIGN. Mas parece uma bando de amadores longe da fama que têm, de força especial mais bem conceituada no combate ao terrorismo.
A rebelião como foi traduzido no Brasil é um filme, que do ponto de vista histórico mostra as facetas do imperialismo francês que onde se meteu deu "merda", vide Argélia, ultima ocupação até o conflito da Nova Caledônia, Indochina que culminou na guerra do Vietnã. Do ponto ponto de vista cinematográfico é um filme bem resolvido, não só tecnicamente, com boa direção preocupada em mostrar todos os lados do conflito. E a demais Kassovitz goza de credibilidade desde o ótimo La Haine.
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