A grande
expectativa gerada em torno da ficção ELYSIUM é em parte, grande parte diga-se,
ao fato do roteiro e direção ser da mesma autoria de DISTRICT 9, ou seja, Neil
Blomkamp. Mas o que deveria ser a grande ancora do filme acaba por se
tornar uma das maiores decepção do longa, que tem elenco competente em trama
rasa e pueril.
O cenário
devastado e apocalíptico do planeta Terra abordado por Blomkamp é desprovido de
maiores questões sociais, apenas é abordado a questão saúde no trato de
doenças, e nesse parece residir a principal diferença entre a elite dominante
que habita o mundo perfeito, Elysium que nada mais é do que uma estação
espacial, e a maioria esmagadora que ficou no planeta Terra a mercê da sorte
que os abandou faz tempo. Em se tratando de ficção cientifica o roteiro e
direção parece deixar muita coisa para imaginação do espectador o que em minha
percepção é equivocado, pois isso é possível quando há contraponto entre o que
se adota como ficção e a realidade.
E nos mais de
100min da trama é perceptível (gritante) a diferença entre o discurso interno
de DISTRICT 9 e ELYSIUM no que diz respeito a critica social x ficção, muito
embora ambos coloque a luta de classe como força motriz, pobreza x lucro
encarnados pelos rasos personagens. Max (Matt Damon) é o excluído, em papel muito parecido em Gênio Indomado, que teve
pouca ou nenhuma oportunidade de vida, e seguiu o caminho mais fácil, o
banditismo. Sua amiga de infância Frey (Alice Braga) escolhe a medicina e se torna
enfermeira. E sem exagero de critica, isso é tudo que sabemos dos personagens
principais. No papel de cyber-punk aparece Spider (Wagner Moura) do qual nada
sabemos, mas a interpretação de Moura suplanta qualquer informação a respeito
de seu passado, mas que não justifica a folha em branco que é o personagem. assim como de Diego Luna em papel pouco expressivo. No
outro lado do ringue, temos a secretária de segurança Delacourt (Jodie Foster) ávida por poder e para garantir o estilo de vida de ELYSIUM e da população
que tem nesse habitat a segurança e abastança, não poupa esforço nem
escrúpulos. William Fichtner (John Carlyle) como empresário que não tem menor problema em sacrificar recursos humanos em detrimento do lucro da ARMADYNE, empresa fornecedoras de
droides, misseis e armamentos para o Estado. O grande nome da trama é Kruger
(Sharlto Copley) o humano e dedicado funcionário que se transforma em “camarão”
no DISTRICT 9. Aqui ele é o mercenário sádico encarregado por Delacourt para os
serviços sujos. Assim como no filme anterior, DISTRICT 9, sua interpretação é
forte e convincente.
Tecnicamente os
115 milhões da produção parece muito para o que se apresenta na tela. Ainda
mais quando comparamos a DISTRIC 9 que foi feito com menos, algo em torno de 60
milhões. A fotografia super-exposta nas tomadas externa é muito similar ao de DISTRICT 9, bem como a
concepção das naves. No todo o filme agrada por se tratar de ficção cientifica
com algumas boas sequências de cenas de ação, como o próprio final, bem
resolvidas assim como a de violência e sangue, quase gore, não muito comum nos
filmes do gênero que optam por cenas clean isentas de sangue, dai a
aposta na fotografia “queimada” em oposição ao visual asséptico dos filmes do
gênero. Mas quando analisado de perto o filme é repleto de buracos de roteiro,
com débil trama diante da expectativa que se criou.
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