O passado é sempre um lugar confortável quando o presente parece um fardo, repleto de tédio e esperança de dias dourados. E o futuro uma espaçonave a deriva na imensidão do espaço. Leonard Cohen mais famoso pela sua musica, experimentou a fama na literatura, inicialmente com poemas até lançar em 1963 sua primeira novela A brincadeira favorita quatro anos antes de lançar seu primeiro disco. O livro é um apanhado de curtas historias interligadas por fios existências na descoberta dos pequenos prazeres que rodeia o personagem central. Com narração em terceira pessoa, Cohen mescla autobiografia e ficção na trajetória de Lawrence Breavman, da infância a fase adulta.
A epopeia existencialista do jovem Breavman tem como foco principal, amizade com Krantz, relação com as mulheres, família e sua descendência judaica. O hedonismo carregado de poesia na narrativa de Cohen é como suas canções, triste mas com intenso apego ao senso de realidade ao mesmo tempo que fuga desta. O personagem Breavman não consegue amar se em algum momento há perda de liberdade, suas amantes e namoradas sofrem conscientemente esse fato. Shell cuja personagem, em minha percepção, é a mais trabalhada no que se refere estreitamento de relação e entrega de Breavman sofre os infortúnios da condição existencial do jovem poeta.
Na época de seu lançamento causou pouca ou nenhuma comoção da critica e publico e acabou por “encerrar” precocemente a carreira de Cohen como escritor, que enxergou na musica melhor maneira de pagar as contas. Antes de lançar seu primeiro disco Songs of Leonard Cohen, ele gozava de relevante conhecimento literário; Let Us Compare Mythologies de 1956 escrito aos 26 anos. Em 1961 lança outro livro de poemas The Spice Box of Earth. Com relativo sucesso o escritor fixa residência na ilha grega de Hyidra onde escreve em 1963 The Favorite Game (A brincadeira favorita) e Flowers for Hitler. E por fim em 1966 lança Beautiful Losers que a Cosac Naify também pretende relançar em breve.
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