segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Lucio Flavio 1977

Por Pachá
Em 1977 Hector Babenco buscava se firmar como grande diretor, o que veio acontecer com Pixote em 1980 e Mais tarde O beijo da Mulher Aranha, mas entre esses filmes ele realizou Lucio Flávio passageiro da agonia. O filme baseado em história verídica narra a trajetória do bandido Lucio Flávio que ganhou as manchetes de jornais na década de 70 por realizar ousados roubos a banco e fugas de presídios de forma cinematográficas. Embora baseado no livro de José Louzeiro no qual traça toda trajetória de Lucio Flávio desde a sua indignação, ainda menino, pela tortura e humilhação que seu pai sofreu no regime militar até sua escalada como um dos maiores assaltantes de banco de sua época.

Babenco foca sua narrativa mais na relação policia-bandido que havia entre Lucio Flávio e inspetores da policia do que qualquer outro aspecto social. E nesta reside forte critica a instituição policial brasileira, explicitamente marcada em passagem na qual Moretti magistralmente interpretado por Paulo Cesar Peréio diz a Lúcio Flavio que eles, policia e bandido, jogam no mesmo time apenas as camisas são diferentes. E olhando pro dias vindouros percebemos que muito pouco ou nada mudou em quase 4 décadas da morte de Lucio Flávio que foi esfaqueado no presidio por companheiro de cela em 1975. Antes de sua morte Lucio Flavio denunciou o esquadrão da morte e o quanto a policia é corrupta. E é a partir desses depoimentos que o livro de Louzeiro se baseia, bem como nas manchetes de jornais que atribuía a Lucio Flavio e seus cumpinchas mais feitos do que os realmente cometidos pela gangue.

O mérito do filme reside no retrato da bandidagem, crua e sem rodeios. Não há sanguinolência de um Tarantino pois comparar com tal incorreríamos em anacronismos, sangue aparece em poucas cenas. As fugas, mudanças de endereço ou mesmo conseguir um passaporte não acontece num passe de mágica como normalmente vemos nos filmes do gênero. Babenco tomou o cuidado de trazer essa realidade para sua ficção.

Reginaldo Farias como Lucio Flavio em interpretação já conhecida, vide Assalto ao Trem Pagador, no qual ele também interpreta um bandido, está correto e convincente. E se no primeiro ele tem discurso elitista do branco de olhos claros em Lucio Flavio ele não esconde que a despeito de cor de pele e olhos ninguém está isento das injustiças do Estado que nega oportunidades.

Há participações honrosas, Jose Dumont como algoz de Lucio Flávio, Lady Francisco na mais genuina mulher de bandido da decada de 70, Estepam Nercessian provavelmente em inicio de carreira.  


Reginaldo Faria .... Lúcio Flávio
Ana Maria Magalhães .... Janice
Grande Otelo .... Dondinho
Ivan Cândido .... Bechara
Lady Francisco .... Lígia
Milton Gonçalves .... 132
Paulo César Peréio .... dr. Moretti
Stepan Nercessian .... suicida

José Dumont .... prisioneiro

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