quarta-feira, 12 de março de 2014

Alegria 2010

Por Pachá
Há qualquer coisa de dissonante no filme de Marina Méliande e Felipe Bragança, a começar pelo titulo Alegria The Joy. O filme tem na perspectiva de uma garota, Luiza interpretado por Tainá Medina, a difícil passagem da adolescência para fase adulta, ou pelo menos deveria, mas o que temos é o inverso, onde os adolescente mantém pureza da infância porém com curioso senso de maturidade carregado de fantasias. E tomando essa premissa o filme ganha ares oníricos nas fantasias de Luiza e seus amigos. Há também, em minha percepção, conflito entre os lanços de amizade, onde os personagens estão sempre juntos, porém com diálogos distantes o que nos faz questionar tais laços ou mesmo os fios que os  sustetam. Dado que tudo neles parece cirurgicamente imputados, o que pode ser explicado pelo fato da inexperiências dos atores ou mesmo falta de um trabalho mais apurado na formação dos personagens.

A trama se inicia com assassinatos sem muito explicações de Clóvis ou bate-bolas na baixada fluminense. O primo de Luiza João (Junior Moura) é tido como morto pela família, mas ele escapou a chacina, e a única que sabe da verdade é Luiza que o esconde em apartamento. E o que se segue é a visão ou interpretação da vida e morte por Luiza e seus amigos dentro de uma plano de heróis e heroínas, e dai o  subtítulo, um filme de super-heróis, onde a própria Luiza tem um quê de Kitty Pride dos Xmen (dizem que ela pode atravessar paredes!!!). E dentro desse contexto temos personagens descoladas da realidade com patente esforço dos diretores de criar uma estética narrativa própria que cobra muito mais do espectador do que o que tem a oferecer em termos de conflitos que movem os personagens, com pés fincados na realidade, ainda que aspirem a vidas de fantasias. E o que nos sobra é cisão completa entre cotidiano, pouco explorado e mundo fantasioso dos adolescentes.


Alegria de Bragança e Marina sugerida no filme é diluída no tedioso mundo dos que tem tempo de sobra, os adolescentes cuja sensação de imortalidade torna o passado algo tão distante e futuro algo intangível. O que não é de todo ruim, mas que perde veracidade interna quando não há relação orgânica alguma entre personagens e passagem do tempo. Os diretores são conhecidos por usar linguagem cinematográfica poética com distanciamento do classicismo reinante do cinema nacional. Vide A Fuga da Mulher Gorila, que tem tudo o que faltou em Alegria.


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