Certamente esse filme povoa a lista dos filmes mais esquisitos. Trata-se de um falso documentário neo zelandês sobre vampiros, interpretados pelos mesmo. Os diretores Taika Waititi e Jeamaine Clement que também atuam, tem nesse longa um retalho de vários filmes de vampiros, desde Nosferatus até a saga crepúsculo.
Não há surpresas ou sustos intencionais, muito menos uma comédia descarada e sim um drama existencial regado de humor inteligente e negro de quatro vampiros que dividem uma casa. Vladislav (Jeamaine Clement) é um vampiro de oito séculos, um sujeito legal mas pervertido. Viago (Taika Waititi) tem trés séculos, e no julgamento de Vladislav é um dandi. Deacon (Jonny Brugh) é o caçula, tem 183, e o bad boy do grupo. Petyr (Ben Fransham) o ancião de poucas falas e o mais recluso do grupo.
Como todo documentário clássico vamos conhecendo os habitantes da casa através de entrevistas onde um fala sobre o outro. E logo temos o primeiro conflito, a louça que não é lavada há 5 anos e se acumula na pia. A contratação de uma domestica esta descartada, pois mostrou infrutífera, já que viram comida de vampiro ao passo de dias. A reunião para definir a responsabilidade de tal atividade é tensa, mas ao final Deacon é apontado como dono da tarefa.
Outro ponto crucial é a alimentação, já que sangue humano é o principal item do cardápio dos vampiros e para isso é preciso de ajuda dos escravos, aqueles que fazem as atividades diurnas. Entra em cena Jackie (Jackie van Beek) que sonha em se transformada em vampiro por Deacon, seu mestre. Todos os personagens são colocados como normais e problemas inerentes a sua condição, e isso é a grande sacada do filme conferindo veracidade interna. Outro ponto é o recorte e homenagem de certos filmes de vampiros, como Nosferatus nitidamente observado na figura de Petyr. Há também a cena hilária do confronto entre vampiros e lobisomens, bem como o grande baile anual de mascaras de vampiros, monstros e zombies em clara referência ao baile de Dança com vampiros de Polanski.
As interpretações dá outro toque diferencial ao filme, é fácil perceber que cada vampiro é fruto de seu tempo, ou seja, do momento em que foi transformado, guardando aspectos culturais como, roupas, sotaque e percepções de mundo da época. E os três protagonistas dão conta de criar essa atmosfera anacrônica, atemporal de gerações tão distinta de seres deslocados do mundo contemporâneo e ao mesmo tempo tentando se adaptar as mudanças de um mundo cada vez mais veloz. Para criar elo com esse mundo eles aceitam um humano, Stu (Stuart Rutherford), um nerd analista de sistemas, como amigo. E dai surge o grande conflito, adaptação a esse mundo em constante ebulição, e os riscos, já que são imortais.
Regado de detalhes e referências What we do... é um filme criativo, inteligente que encanta pela simplicidade e desenvoltura em recriar cenas tão caricatas e clichês dos filmes de vampiro.
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