Os Demônios
Ed 34 - traduçao Paulo Bezerra
Em 1869 membros da organização
politica clandestina justiça sumária do
povo eram julgados, pela execução, justiçamento,
do jovem Ivanov, esse fato caracterizou o primeiro julgamento politico da
Russia, o que chamou a atenção de Dostoievski a ponto dele largar ao menos três
projetos em andamento, uma novela sobre um capitão Kartúzov, “O Príncipe e o
Agiota”, “Inveja” e “A
vida de um grande Pecador”.
Dostoievski era conhecedor das atuações
de grupos de esquerda, o que lhe rendeu uma condenação a morte, mas que em
ultima hora foi convertida em trabalhos forçados na Sibéria, experiência essa
que serviu para “recordações da casa dos
mortos”.
O que mais impressiona em Os Demônios
é a atualidade, e ao mesmo tempo uma antecipação de personagens históricos que
marcaram a humanidade, Stalin, Hitler, Bush e toda forma de extremismo que
beira ao fundamentalismo que em tempos de polarização politica, divide povos e
sociedades, configurando terreno fértil para os Piort Stiepánovitch da história, cuja pusilanimidade
e a falta escrúpulos em nome de uma causa maior, seja lá o que isso signifique,
invocam o catecismos revolucionário as avessa. E de acordo com Paulo Bezerra a
atualidade de Os Demônios também se
configura, a despeito do avanço da democracia e do esfacelamento do simulacro
socialista, a obra nos dá a impressão de que “os demônios” continuam a surgir e
agir em diferentes campos ideológicos, esquerda direta, liberais ou
conservadores.
A estrutura narrativa, segundo próprio
autor, foi sacrificada em sua estética em detrimento da técnica, pois a ideia
era retratar, de forma, mais minuciosamente possível, os acontecimentos. Há uma
passagem, com os nossos, pag. 377, em que o grupo revolucionário se reúne, e há
uma votação sobre “somos uma reunião ou não”
e o que se segue, lembra uma cena cômica em Django de Tarantino, na qual há uma
explicação de como surgiu as conhecidas máscaras da KKK...
Após uma tumultuada votação no qual
o método, é o famoso levanta o braço quem é a favor, seguiu-se ...
- Reunião, reunião! – ouviu-se de
todos os lados.
- Sendo assim, não há por que votar;
chega, estão satisfeitos, senhores, ainda é preciso votar?
- Não, não, todo mundo entendeu.
- Será que alguém não quer a reunião?
- Não, não, todos queremos.
- Sim, mas o que é uma reunião? –
Gritou uma voz. Ninguém lhe respondeu.
É claro que essa percepção é muito particular,
e durante a leitura a cena de Django ilustrava essa passagem.
Os Demônios é dessas obras que
merecem ser lidas de tempos em tempos.
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