sábado, 17 de agosto de 2019

Os Demônios


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Os Demônios
Ed 34 - traduçao Paulo Bezerra

Em 1869 membros da organização politica clandestina justiça sumária do povo eram julgados, pela execução, justiçamento, do jovem Ivanov, esse fato caracterizou o primeiro julgamento politico da Russia, o que chamou a atenção de Dostoievski a ponto dele largar ao menos três projetos em andamento, uma novela sobre um capitão Kartúzov, “O Príncipe e o Agiota”, “Inveja e “A vida de um grande Pecador”.

Dostoievski era conhecedor das atuações de grupos de esquerda, o que lhe rendeu uma condenação a morte, mas que em ultima hora foi convertida em trabalhos forçados na Sibéria, experiência essa que serviu para “recordações da casa dos mortos”.

O que mais impressiona em Os Demônios é a atualidade, e ao mesmo tempo uma antecipação de personagens históricos que marcaram a humanidade, Stalin, Hitler, Bush e toda forma de extremismo que beira ao fundamentalismo que em tempos de polarização politica, divide povos e sociedades, configurando terreno fértil para os Piort  Stiepánovitch da história, cuja pusilanimidade e a falta escrúpulos em nome de uma causa maior, seja lá o que isso signifique, invocam o catecismos revolucionário as avessa. E de acordo com Paulo Bezerra a atualidade de Os Demônios também se configura, a despeito do avanço da democracia e do esfacelamento do simulacro socialista, a obra nos dá a impressão de que “os demônios” continuam a surgir e agir em diferentes campos ideológicos, esquerda direta, liberais ou conservadores.

A estrutura narrativa, segundo próprio autor, foi sacrificada em sua estética em detrimento da técnica, pois a ideia era retratar, de forma, mais minuciosamente possível, os acontecimentos. Há uma passagem, com os nossos, pag. 377, em que o grupo revolucionário se reúne, e há uma votação sobre “somos uma reunião ou não” e o que se segue, lembra uma cena cômica em Django de Tarantino, na qual há uma explicação de como surgiu as conhecidas máscaras da KKK...

Após uma tumultuada votação no qual o método, é o famoso levanta o braço quem é a favor, seguiu-se ...

- Reunião, reunião! – ouviu-se de todos os lados.
- Sendo assim, não há por que votar; chega, estão satisfeitos, senhores, ainda é preciso votar?
- Não, não, todo mundo entendeu.
- Será que alguém não quer a reunião?
- Não, não, todos queremos.
- Sim, mas o que é uma reunião? – Gritou uma voz. Ninguém lhe respondeu.

É claro que essa percepção é muito particular, e durante a leitura a cena de Django ilustrava essa passagem.

Os Demônios é dessas obras que merecem ser lidas de tempos em tempos.

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