A passagem da adolescência para fase adulta é fonte inesgotável de roteiros para o cinema, e em Noite Amarela a abordagem de Ramon Porto é bem interessante em criar uma expectativa, tragédia iminente, uma vez que a trama bem característica, um grupo de jovens partem para uma aventura que acaba por se tornar uma prova de sobrevivência, mas no caso de Noite Amarela é apenas uma viagem rumo a um temido futuro para aqueles que serão o amanhã.
Com diálogos coloquiais, e bastante marcado geograficamente, o longa cria uma atmosfera de mistério bem conduzida no que seria a festa de despedida de 7 adolescentes, fugindo dos clichês, embora os personagens carreguem as características bem conhecidas, o engraçadinho, a rebelde, o romântico, etc. mas não há tensão sexual entre eles. A narrativa alterna entre passado e presente para criar a metáfora do futuro, desconhecido terreno que os jovens vão adentrar, representado pelo ilha, a falta de moradores na mesma, que pode ser interpretado como o descaso com aqueles que serão o futuro.
Particularmente me agrada muito narrativas que escondem mais do que mostram, deixando um leque de interpretações, que não necessariamente devem ser explicado, e isso é a estratégia de Noite Amarela conduzir o espectador para um universo de acontecimentos enigmáticos no qual a imaginação voa alto, e mesmo quando há pistas para tal, é muito etéreo, como as cenas sobre a fotografia quântica, e o espectro fantasmagórico, que cria mais mistério do que explicações.
As interpretações, não são o ponto alto, mas não fere a trama. A fotografia é minimalista, e lembra muito os filmes dos anos 80, granulada, com muitos efeitos dessa época.
Ramon Porto mostra e prova que com muito pouco pode se ir muito longe dentro do gênero terror, abrindo mão dos clichês de filmes que seguem essa temática. Ao final fiquei com referencias dos filmes do Panos Cosmatos, guardando as devidas referências é claro.
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