Por Pachá
O cinema polonês é sempre de uma riqueza que encanta, com fotografia e arte que por si só já vale a experiência, além é claro, de histórias com narrativas criativas e atraentes.
O roteiro é um adaptação da "trilogia da Lua" do escritor polonês, Jerzy Zulawski, sim, são parentes, o escritor é tio do diretor.
O filme foi censurado quando já estava no final das filmagens, pois o ministério da cultura julgou ser o filme, uma critica ao regime socialista do pais naquele momento. Zulawski foge para França com o filme incompleto. Com a derrocada do socialismo e a fragmentação da União Soviética, Zulawski pôde finalizar o filme no final dos anos 80.
A idéia de um found footage, quando essa ainda nem sonhava em ser moda, Zulawski preenche os buracos da narrativa, uma vez que não tinha mais os cenários e alguns atores haviam falecidos. Em off ele até explica como deveria ser o final da trama.
A saga de uma equipe de astronautas que ao fugir da Terra, tentam povoar um planeta inóspito, mas ao invés de criar uma nova sociedade, eles acabam por criar exatamente aquilo que tanto desejavam excluir, mitos, cultos e a religião. Espelhando uma "nova Terra", insólita e bizarra, com uma sociedade imersa em uma atmosfera onírica e alucinógena.
A narrativa é uma critica ao messianismo, e como esse pode desencadear auto aniquilação de povos. A primeira equipe de astronautas que chega ao planeta, estão certos que podem criar nesse, uma nova ordem, livre das mazelas que destruiram a Terra. Eles procriam, e inexplicavelmente, os bebês crescem rápido nessa atmosfera. A medida que mais filhos são gerados, mais se instala o mito profético de um messias que virá da Terra para salvar o povo e destruir os seus inimigos, os Sherns. E nesse ponto é possível correlacionar o papel da igreja nas expedições marítimas no período das grandes navegações e "descoberta" de novos mundos. Em uma parte do planeta, a segunda equipe de astronautas mantém os Sherns sob controle a base de drogas alucinógenas. E do outro lado, a religião tenta conter uma massa imersa em ódio, cobiça e ignorância ao mesmo tempo que o astronauta é recebido como um messias e passa acreditar que é mesmo um Deus.
A fotografia do filme, é exuberante, sempre em grandes ângulos e movimentação que sugere uma viagem alucinante. Os atores parecem mesmo que embarcaram nessa viagem a base de LSD e entregam atuações intensas.
The silver Globe é um filme que certamente divide opiniões, de ser considerado uma obra prima, e me incluo nessa turma, e para aqueles que julgarão o filme como um ótimo representante dos filmes chatos e sem sentido. O fato é que o filme requer do espectador uma dose de atenção para concatenar os eventos, bem como abstração e sobretudo imaginação para refletir de que os sapiens, não importa para onde vão, paras as profundezas do planeta, para o espaço longíquo, eles sempre carregarão a destruição, a insensatez.
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