domingo, 21 de julho de 2013

Bella Addormentata (A Bela que Dorme)


Por Pachá
O drama que Bellocchio leva as telas é alicerçado  em fato verídico, ou pelo menos, baseado neste. Em jogo, nos dramas dos personagens, há sutil questionamento quanto ao nosso livre arbítrio. Aliado ao fio condutor, a eutanásia, quando o tema vem a tona no drama de uma jovem que há 17 anos está em coma, há trabalhado olhar sobre; a família, casamento,  religião x ciência, política e poder. 

O filme parece deixar claro, ao menos em minha percepção, que a empatia no drama da eutanásia, é para quem tem parente em estado vegetativo. Nas três historias paralelas que permeia o polemico tema, todas tem casos de morte em vida. A filha do senador que acredita que o pai tenha aliviado a dor da mãe que sofria em estágio terminal de alguma doença, causando grande abismos entre os dois. A atriz que abandona carreira de fama e sucesso para se entregar a religião na tentativa de "acordar" filha em coma profundo. O médico, cético, mas coerente com seu juramento de salvar vidas, independente de certo ou errado em seu singelo drama pessoal de salvar viciada de prosseguir em sua determinação de dar cabo da vida.

Dentro do contexto, externo aos dramas pessoais, histórico temos a Itália um pais de fé católica fervorosa. O que torna o discurso de liberdade e livre arbítrio ainda mais agudo. A clivagem entre fé e o aparato jurídico de restringir o poder familiar de manutenção da vida em condição vegetativa, cria o mote de A bela Adormecida que Bellocchio explora sem cair na armadilha de tecer qualquer teste em torno do tema, e para tal desliza câmera pelas diversas posições ao tema.

As interpretações dão peso ao drama. Toni Servilo interpreta senador Uliano com difícil missão de votar a favor de lei sobre eutanásia e alargar ainda mais o fosso aberto entre sua filha, Maria (Alba Rohrwacher) que vira ativista pro-vida apos passar pelo trauma de perder a mãe que se mantinha viva por aparelho e desconfiada que seu pai a tenha privado do direito a vida, cujo o direito de interrompe-la cabe somente ao criador. Isabelle Hupert com a característica competência dá vida a uma mãe que se apega a religião para trazer sua filha Rosa (Carlotta Cimador) do profundo sono em que se encontra. Marido e filho são negligenciados nessa cruzada. Maya Sansa compões convincente papel de viciada e desesperada mulher perante mundo moderno. Como seu contraponto, tem Pier Giorgio Bellocchio como Dr. Esquálido (pálido) que tenta (sem muita explicação) demover Rossa (Maya Sansa) de deixar esse mundo, nojento e sem cura, segundo a personagem. Porem os diálogos, ainda que curtos, mas de grande densidade e uma espécie de síntese do polemico assunto, reside no personagem de Roberto Herlitzka como Lo psichiatra.

O filme foi destaque no festival de Veneza onde abocanhou premio de ator revelação, Fabrizio Falco que vive, Pepino o descompassado irmão de Roberto (Michele Riodino) por quem a fervorosa católica Maria se apaixona. Alias essa fugaz relação de dois jovens com crenças opostas. Basta prestar atenção na cena em que Maria que carrega crucifico no peito o lança para trás das costas enquanto se entrega a Roberto.

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