terça-feira, 23 de julho de 2013

Cabra Marcado para Morrer 1985

Por Pachá
Eduardo Coutinho hoje é um dos grandes nomes do documentário brasileiro. Grande parte dessa notoriedade se deve a cabra marcado para morrer. Rodado inicialmente entre 1962 e 1964, com intuito de retratar a formação das ligas camponesas no nordeste, cujo líder  João Pedro Teixeira é personagem principal. O documentário é interrompido, com apenas 40% do roteiro rodado,  quando se instala regime militar que vai durar até 1984. O exercito invade a fazenda de Galiléia símbolo de luta e também vitória da liga camponesa. E confiscando o que pode de rolos de filme e equipamentos, prendendo e perseguindo equipe de produção e atores, acusados de subversivos e comunistas vermelhos.

Dezessete anos depois Coutinho retorna as locações originais, e remonta o filme que se transforma em documentário sobre a tentativa frustrada de rodar o filme na primeira tentativa. Mas a mensagem original continua presente, e ganha atmosfera de terror ao mostrar a fragmentação da família Teixeira devido perseguição dos latifundiários que assassinaram Pedro. Coutinho de forma inteligente retrata na trajetória da família Teixeira a luta pela terra no sertão brasileiro e o problema que a falta de politicas de reforma agrária agem no alargamento de abismos sociais no nordeste brasileiro.


O DOC cria interessante dialogo entre as classes latifundiárias (engenhos) e trabalhadores do campo (camponeses), bem como primórdio dos sindicatos rurais. Estes últimos uma ameaça aos primeiros. 

O enfoque social do documentário ganha ares de denuncia quando apura as questões que levaram ao assassinato do líder rural Pedro e perseguição de seus descendentes pelas autoridades locais. Mas na morte de Pedro surge a figura de sua esposa Elisabeth que assistiu ao desmantelamento de sua família, mas que não deixou de lutar pela causa camponesa.

  
Principais prêmios e indicações
XXXV Festival de Berlim 1985 (Berlim/Alemanha) Recebeu os prêmios FIPRESCI e Interfilm do Fórum de Cinema Jovem.


FesTróia - Festival Internacional de Cinema de Tróia 1985 (Setúbal/Portugal) Recebeu o Golfinho de Ouro.

VI Festival do Novo Cinema Latino-americano 1984 (Havana/Cuba) Recebeu o Prêmio Coral na categoria de Melhor Documentário.

I FestRio 1984 (Rio de Janeiro/RJ) Recebeu o Tucano de Ouro na categoria de Melhor Filme, o Prêmio da Crítica, o Prêmio OCIC (Ofício Católico Internacional de Cinema) e o Prêmio D. Quixote da FICC (Festival Internacional de Cinema).

13º Festival do Cinema Brasileiro de Gramado 1985 (Gramado/RS) Recebeu o prêmio Hours Concours.

Festival de Cine Realidade 1985 (Paris/França) Recebeu o Grande Prêmio.



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