Almas a Venda é uma ode ao absurdo, ou melhor, não há mais absurdo no mundo em que vivemos. Escrito e dirigido por Sophie Barthes Almas a Venda é uma ficção cientifica com olhar de Kubrik, veia cômica de Wood Allen e excentricidade de Kaufman, ou menos foi essa percepção que tive ao assistir a esse filme de 2009. Paul Giamanti vivi ele mesmo, Paul um ator na faixa dos 40 que em meio a uma crise ao participar de uma peça de Tcheckov, não consegue se desligar do personagem, mas por outro lado não consegue desenvolve-lo como ator. Ao ler artigo na revista New Yorker parece encontrar a solução do seu dilema, estocagem de almas, e ai começa o grande e genial absurdo do filme, pois ninguém, exceto sua esposa, Emile Watson, vê nisso qualquer absurdo.
O roteiro é fluido, elegante e subversivo, de maneira prazerosa, no trato com tempo, pouco nos damos conta de que o filme tem mais de duas horas. A fotografia com luz difusa proporciona sensação de leveza em contraste com dilema do protagonista, e nesse ponto percebemos a versatilidade de Giamanti que encarna com soberba maestria um crônico e atormentado ator.
Não há no filme excentricidade técnica tudo parece ter sido preparado para atuação dos atores, que é o grande ponto trabalhado, Giamanti recebeu elogiosas criticas por esse trabalho o que é justo, pois ele já vinhas desempenhando papeis de grande profundidades como por exemplo; American Explendor, Side Way, os demais atores mesmos os de poucas falas, Emile Watson por exemplo é convincente e muito acima do correto. Outro ponto positivo é a elegância despretensiosa do filme, que não esconde as fontes inspiradoras, mas que em nada tira a originalidade de como as coisas acontecem, ironizando de forma sutil a nossa perda de sensibilidade em um mundo de idéias cada vez mais pasteurizado a ponto de acharmos natural uma solução de separar alma do corpo e com isso aliviar o ofício de viver. Almas a venda é um desses filmes que é para ser visto e revisto de tempos em tempos.
Entra fácil na lista de melhores de 2010.
Direção : Sophie Barthes
Roteiro: Sophie Barthes
Elenco:
Paul Giamatti
Armand Schultz
David Strathairn
Dina Korzun
Emily Watson
Katheryn Winnick
Lauren Ambrose
Oksana Lada
Legendas PtBr
Ainda não vi este filme, mas, pelos seus comentários e pelo que li dele, já logo percebo por que Kaufman escolheu Tio Vânia para inserir em seu roteiro. Tchecov salientou o enorme vazio existencial nos seres humanos em geral, um vazio que abarca intelectuais, grandes proprietários, militares, jovens, velhos, pobres e ricos. Este abismo de falta de perspectiva e horizontes, é latente no Tio Vânia, no qual a personagem central traz à tona diversas reflexões sobre sua vida e a vida de todos nós.
ResponderExcluirAssim, Giamanti está em busca de uma nova alma que possa superar o enfado da sua própria, mas o futuro vai mostrar que essa nova alma está, como em Tchecov, igualmente corrompida.
Guilherme A. Malcher
É isso Badá...o oficio de viver pode ser um grande fardo para alguns e para outros a ingnorância proporciona felicidade.
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