domingo, 11 de novembro de 2012

Bande à part 1964

Por Pacha
Band à part é um filme policial que retrata os bandidos quando estes não estão assaltando, numa visão francesa dentro da estética Nouvelle vague É claro que todo mise en scéne  faz parte do planejamento dos dois gatunos, Franz (Sami Frey) e Arthur (Claude Brasseur) que tem na ingênua Odile (Anna Karina) um vale no valor de alguns milhões. Pois Odile é uma espécie de auxiliar de Mame Victoria que por sua vez é secretária de um figurão que se apossou ilicitamente de uma bolada do governo.

Não é difícil fazer um paralelo de bande à part com Jules et Jim de Truffaut seja pelo fato da trama está apoiada em um trio ou mesmo pelo fato de que os dois vinha se estranhando (alguns estudiosos do Nouvelle vague datam 1968 o inicio das rixas) que  que vai culminar no rompimento em 1973. E dessa situação se instalou certa competição e/ou cooperação. Truffaut filma Jules et Jim em 1962 e Godard Bande à part em 1964. Goddard filma Alphaville em 1965 e Truffaut Fahrenheit 451em 1966. Mas é unanime para quem não gosta de Godard afirmar que este é o filme de mais fácil digestão do diretor sendo acolhido pelos críticos como uma filme anti-Godard, não é pra menos a trama é bem sincronizada apoiada em belos planos em cenas de pura inocência que desconstrói os filmes policias da época. A cena no curso de inglês onde vemos o trio juntos pela primeira vez é sublime, ainda mais quando se apóia no olhar e expressão facial de Anna carregada de ingenuidade, mas sem abrir mão do ar blasé e da intrigante amizade entre Arthur e Franz, o primeiro misto de cowboy e gangster o segundo com sonhos de participar de uma prova de Indianapolis (curioso porque não 24h de Le Mans?), alguns vêm nesta uma homenagem ao cinema americano, precisamente a Nicholas Ray a quem Godard havia rasgado seda em filmes como Jonny Guitar 1954 e Bitter Victory 1957
Embora seja um filme fácil em se tratando de Godard ainda sim não está isento de ser uma obra fragmentada, sem começo, meio e com final aberto. Não sabemos como eles conheceram Anna ou que tipo de golpes eles já fizeram. Algumas cenas em minha percepção desnecessária, como por exemplo quando Anna sai para encontrar os dois meliantes e leva um embrulho que não sabemos do que se trata, apenas que é alimento, pois ela o retira da geladeira, mais adiante sabemos tratar de naco de carne... No caminho do local marcado com os novos amigos ela passa por um circo e aproveita para alimentar um tigre??? Há também a figura misteriosa do tio que ao que parece é o mentor do crime, mas quanto a isso apenas podemos supor, o que não deixa de ser de certa maneira algo a favor da trama, já que a idéia é fugir do filme policial comum. Todo o filme é recheado de cenas do cidadão comum; aula de inglês, visita ao museu, drink no café, alias a cena de dança no café é outro ponto alto do filme, tanto é que encontrar esse trecho na rede foi fácil... 

No mais vale ressaltar que pra quem torce o nariz para os filmes de Godard vai encontrar em bande à part uma obra divertida ainda que o desastre seja iminente. Outra é a importância desse filme para diretores como Tarantino cuja produtora se chama bande à part.



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