sábado, 3 de novembro de 2012

O Homem de Marmore (Czlowiek z Marmuru) 1977



"O homem não pode fazer-se sem sofrer, pois é ao mesmo tempo escultor e mármore".
Alexis Carrel
Por Pachá
O homem de Marmore é um filme curioso, nos primeiros dez minutos é possível associa-lo a 8 1/2 de Fellini, onde a cineasta iniciante Agnieszka (Krystyna Janda) está as voltas com o projeto de um filme para TV polonesa, tal qual Guido Alselmi. Agnieszka tem nesse filme seu projeto de conclusão de curso em cinema. Então temos um filme dentro de um filme, um meta-filme. O objeto do filme de Agnieszka é um personagem dos anos 50 quando a Polônia estava sob forte influência do socialismo estalinista. O pais passava por grande plano de restruturação de sua industria e infra-estrutura após destruição sofrida na II GM. Cidades e fábricas eram erguidas através de serviço voluntário onde milhares de polacos davam seu suor e sangue, literalmente, para reerguer a cidade seguindo a risca os planos sexenais a exemplo dos planos qüinqüenais de Stalin que criou a utopia do modelo soviético de crescimento econômico.



Acontece que Wajda foi um ferrenho opositor do regime estalinista na Polônia, e o homem de mármore é considerado uma critica feroz a esse sistema. Outro ponto de ligação dos fatos históricos e critica de Wajda está inteiramente apoiada no stakhanovismo que foi um movimento soviético para impulsionar o empenho e produtividade do proletariado. Alexei Stakhanov conseguiu a proeza de extrair em uma jornada de trabalho 102 toneladas de carvão. Wadja contesta esse fato, quando coloca no lugar de Stakhanov o pedreiro Birkut (Jerzy Radziwilowicz) que consegue assentar 35.509 tijolos em uma jornada de trabalho. No filme Wajda nos leva a crer que tudo não passou de um engodo do governo para sensibilizar o proletariado de que cabia a cada um o sucesso do pais enquanto nação e sociedade. Birkut de simples camponês que apenas sabia trabalhar a terra (tal qual os camponeses russos que chegavam ao centros urbanos usando sandálias de corda e mal sabendo gaguejar qualquer palavra a respeito do novo mundo urbano, transformado pelas fábricas), se transforma em celebridade do movimento trabalhista.


Depois vemos em passagem não muito bem detalhada  as acusações de espionagem, uma alusão ao terror pregado por Stalin onde pessoas sumiam da noite pro dia. E Birkut é esquecido As interpretações não engrandece nem perturbam o drama. Agnieszka como estudante hiper ativa e indolente cria interessante contraste com aspecto frágil da atriz. O operário padrão polonês Birkut também cria convincente contraste entre o camponês e instrutor de assentamento de tijolos. O filme de Wajda não é um filme fácil dado que é necessário certo conhecimento do socialismo soviético, caso contrário o filme vira grande bocejo ainda mais que está dividido em duas partes, isso mesmo são dois DVDs (com extras pobríssimos pra dizer o mínimo) que totalizando dá mais de três horas de filme. Tecnicamente o filme não chama grande atenção  e vale mais como estrutura narrativa, e alerta para regimes que em nome do povo assume posturas totalitário onde se manter no poder é o que importa. 

Uma aula de História...




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