sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Zabriskie Point 1970


Por Pachá
Em seu primeiro longa rodado nos EUA, Antonioni não imprimiu mesmo sucesso que alcançou com seus filmes rodados na Itália. Zabriskie Point tenta captar a efervescência universitária na década de 70 em universidade americana onde jovens discutem a luta para manter os direitos, que não é muito bem apresentado, optando roteiro por discutir ação que o grupo de universitário tomará para conter ação da policia que esta prestes a invadir o prédio. O movimento da contracultura vinha perdendo espaço, dado que o movimento beatnik que culminou no estilo hippie não se mostrou como solução ao desgaste do capitalismo tão pouco apaziguar o jogo hegemônico entre as duas potências, EUA e URSS.

O estilo por vezes muito criticado de Antonioni, longas tomadas e um certo voyeurismo está presente em Zabriskie Point. As cenas no deserto poderiam ter uns 10 minutos a menos. No que tange a mensagem ideológica, o filme também é fraco com diálogos que não captam a dicotomia entre o discurso marxista e capitalismo burguês que reinava no período, em que o estruturalismo, centrado nos pensadores europeus, já não dava conta em explicar as transformações em curso após  walfare state. As mudanças culturais, sociais políticas e econômicas desencadeadas pela aproximação das corporações com Estado vai afundar as sociedades em questionamentos e conflitos com a política, religião, sexo e certamente vai culminar na banalidade dessas nos dias atuais. Eric Hobsbawn acertou quando disse que “A história dos vinte anos após 1973 é a de um mundo que perdeu suas referências e resvalou para a instabilidade e a crise” E nesse contexto o filme é superficial.

A cena inicial quando os universitários, em reunião decidem como defender o campus da universidade contra o Estado, não capta o retrato do momento em questão, há sim, o discurso de poder para o povo, igualdade entre brancos e negros e a máxima hippie de paz e amor. O personagem Mark (Mark Frechette) não quer saber de discurso e reflexões, ele quer ação e está disposto a morrer pelo ideal libertador, mas não de tédio. O ponto de virada do filme é por demais confuso, em referência a Acossados de Godard quando por acidente o protagonista mata policial. Em Zabriskie Point, Mark  juntamente com outros alunos adquirem armas, e quando a policia invade prédio atirando e perguntando depois, Mark decidi abandonar campus e neste processo, em sequência de cena confusa, um policial é morto e não fica claro quem efetuou disparo. Na fuga Mark rouba um avião. Essa sequência é digna de um filme surreal se não fosse um caso de falta de veracidade interna.

As cenas no deserto, são primorosas com fotografia arrebatadora da paisagem árida e amarela do Zabriskie Point. A interação dos dois personagens que se encontram por acaso no deserto. Daria (Daria Halprin) que vai ao encontro de seu chefe que esta negociando com investidores a construção de condomínio luxuoso e exótico em terras outrora indígena. Os dois vivem a metáfora da fuga, ele de um suposto crime que não cometeu, mas com significado muito além da infração. Ela do capitalismo desenfreado, onde as tradições são destruídas em prol da perpetuação do capital. O diálogo dessa sequência é o ponto alto do filme, mas há certa competição das imagens com as palavras, resultando em longas sequências que pouco ou nada contribui para os conflitos dos jovens ou mesmo para mensagem que se pretende passar.

As atuações não chamam atenção, exceto pelas cenas de amor livre na terra seca e poeirenta, protagonizada pelos dois jovens com ideais hippies-revolucionários. 

O filme foi um fracasso de público e ao que parece de critica, pois segundo os entendidos do cinema de Antonioni, esse é de longe seu pior trabalho. Outro ponto que ajuda nas longas sequências, é a trilha sonora que conta com musica do Pinky Floyd feita especialmente para o filme, além de Grateful Dead e Rolling Stones. Zabriskie Point faz parte de um contrato da MGM do qual consta, Blowup 1966 e The Passenger 1975.



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