O numeral oito assume na trama do novo filme de tarantino muita mais que uma simbologia quantitativa. Trata-se de seu oitavo filme e quando chegar a marca dos 10 longas, o diretor afirmou que vai parar de dirigir filmes.
A cena inicial traz assinatura sonora de Ennio Morricone com camera se afastando lentamente de um Cristo na cruz ou algo semelhante até entrar em cena uma diligência, tudo bem captado pelas lentes de Robert Richardson que vem assinando a fotografia dos longas de Tarantino desde de Kill Bill. E para quem não lembra do nome, o sujeito tem no currículo filmes como Platoon, The Doors, War Z etc.
Detalhe da camera panavision e Robert Richardson
Como todo faroeste há um discurso sobre a legitimação da violência a qual Tarantino constrói alicerçado nos princípios da expansão americana para o Oeste, onde se você não for capaz de defender o que é seu, não espere auxilio de grupos benfeitores, aqui entra o Estado. E também o racismo sulista inflado com derrota para o norte. Mas a trama é centrado em um dos capítulos mais doloroso da História da maior potência do planeta, a guerra civil americana ou guerra de secessão.
Uma diligencia está a caminho da cidade de Red Rock onde caçador de recompensa, John Ruth (Kurt Russell) leva com vida uma procurada da justiça, Daisy Domorgue (Janifer Jason Leigh). No caminho ele é convencido a dar carona para dois supostos estranhos, aos quais John Ruth conhece apenas por "fama", Major Marquis Warren (Samuel L Jackson) e Chris Mannix (Walton Goggins). No interior da diligência logo se forma microcosmo dos ânimos do pós guerra, Mannix confederado, racista senta-se ao lado de Warren negro e Federado, assim como John Ruth. As acusações trocadas entre eles levanta duvidas sobre suas reais intenções, inclusive Daisy que pouco é permitido falar. Assolados por pesada tempestade o grupo procura abrigo na loja de conveniência de Minnie Mink (Dana Gourrier). O grupo da diligencia encontra já instalado nas dependências da cabana, quatro ocupantes em condições suspeitas. Esse cenário lembra filmes de mistérios ao estilo Agatha Christie.
Toda trama é desenrolada no interior dessa cabana no meio da neve. E para os familiarizados com obra de Tarantino logo vai perceber imensa semelhança com Cães de Aluguel, na verdade muito mais que semelhança.
Mas no conjunto da obra é possível, e ai reside a propriedade com qual Tarantino realiza seus filmes, uma construção de elementos se não novos, ao menos com outro olhar, nesse caso a violência regada de diálogos bem construídos, dignos dos faroestes de Nicholas Ray. O filme inteiro é centrado nas pistas deixadas nas conversas dos integrantes da velha cabana, onde alguém ou alguns não são o que dizem ser. E mesmo sabendo que o desfecho será o banho de sangue, não impede ou retira qualquer deleite em acompanhar o processo que leva a tal fim.
No elenco vários conhecidos de filmes anteriores do diretor, Tim Roth, Michael Madsen, Zoë Bell e participação Channing Tatum.
A única coisa que chegou a me incomodar foi a narração em off do próprio diretor para explicar alguns acontecimentos, que ao meu entender não carecia de tal artificio. Os 8 odiados, é como qualquer filme de Tarantino, mas sou suspeito ao declarar, que vale cada esforço para assisti-lo.
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