quinta-feira, 2 de abril de 2020

WildLife 2018


Por Pachá

Há muito que tenho o Paul Dano como uma das caras do cinema independente americano, e agora o cara surge como diretor, com um filme, sutil, singelo, sincero e carregado de uma realidade tão próxima de qualquer um.

As tragédias familiares são fontes inesgotáveis para histórias pungentes cujas sequelas se carrega para toda vida. A família Brinson se muda para a triste e desolada Montana, onde Jerry Brinson (Jake Gyllenhaal) é um pai dedicado que tenta encontrar o american dream no self made man, seu filho Joe (Ed Oxenbould) é um aluno aplicado e tem no pai um exemplo a ser seguido. Jeanette (Carrey Mulligan) é uma dona de casa típica dos anos 50 que abdicou de sonhos para se dedicar a família. Jerry perde o emprego, e a família se vê em apuros quando conseguir um novo emprego a altura do orgulho de Jerry não se concretiza. A partir desse ponto o desmoronamento da família é acompanhada pela percepção de Joe, que vê o pai aceitar um emprego para combater os incêndios que todos os anos assola aquela região, o que o obriga a ficar longe da família por um longo período. E uma transformação inusitada de sua mãe.

O peso dramático da história fica por conta da atuação de Carrey Mulligan, que em minha percepção é uma das atrizes mais talentosa de sua geração. Jake Gynlenhaal como sempre convincente em criar personagens com muitas camadas. Oxenbould no papel do adolescente Joe que vê a família se fragmentando, tenta entender, mas sua resignação diante de algo que ele não tem controle ou conhecimento é profundamente captada na singela pergunta aos pais "... e agora o que vai ser de nós?".

A fotografia é assinado pelo mexicano Diego Garcia que é bem conhecido do "público" brasileiro com trabalhos como Boi Neon e Divino Amor, ambos do diretor Gabriel Mascaro. Em WildLife (vida selvagem), a fotografia consegue imprimir um ritmo lento e sutil com composições equilibrada entre personagem e ambiente, há sempre um espaço a se preenchido no quadro, lembrando que sempre temos escolhas. Os movimentos destoam um tantinho da trama, pois tudo parece acontecer muito rápido, principalmente na transformação da mãe ao olhar de Joe e a fotografia parece tentar conter isso juntamente com a montagem. A metalinguagem utilizada ao final, da foto dentro do frame com espaço ao meio, nos diz que tudo dever seguir seu rumo, e a visão do diretor de que lanços familiares não são perenes.

Um filme competente para um diretor iniciante. 




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