Por Pachá
As produções padrão globo filmes se por um lado agradam pelo cuidado com a fotografia, cenários, interno ou externo, por outro lado decepciona pelos diálogos que não conseguem fugir de outro padrão globo, as novelas, e os rostos e atuações que encarnam personagens desse universo.
A cena inicial do filme, quando colocada dentro do contexto da história, fica explicito a falta de elipse ou mesmo linguagem que diferencia o cinema das novelas. Os diálogos são os que mais carregam a trama com tons novelesco. As interpretações também tem o mesmo apelo. Roberto Góes (Teo) é um policial do BOPE (batalhão de operações especias) que vai investigar assassinatos na região serrana de Friburgo, região onde nasceu e da qual ele saiu anos atrás com o intuito de nunca mais voltar.
Marcos Prado pega uma história real, os irmãos necrófilos, como ficaram conhecidos os assassinatos, que ocorreram em 1995. Há um doc sobre o assunto com depoimentos de moradores e pessoas próximas aos assassinos e familiares. E tenta criar uma trama de serial killer, mas derrapa em imprimir uma atmosfera de mistério ou mesmo terror, como sugere o título, deixando o espectador mais atento com a nítida percepção de que o longa foi feito para TV, ou seja, uma trama bem esmiuçada que não exige qualquer esforço de interpretação, tudo é muito explicado, bem ao estilo das novelas.
A fotografia de Azul Serra se utiliza bem do cenário montanhoso da região, mas ainda sim não ajuda no sentido de amplificar, moldar esse cenário para uma história de horror, tudo é muito clean, muito comportado e próximo de uma reconstituição, bem ao estilo caso verdade, do que uma história de horror, que é o que o título sugere.
Embora derrape em sua narrativa, é recompensador ver o gênero terror sendo abraçado por grandes produtoras brasileiras e dai quem sabe abrir espaço para novas produções com esmero e linguagem do gênero.
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