Por Pachá
Escrito com cunho jornalístico, Euclides acompanhou as tropas federais e saiu dias antes da invasão final, pois já não acreditava nos motivos do conflito.
Os sertões acaba por sendo um fiel retrato desse episódio da história do Brasil. Euclides que foi militar, engenheiro e por fim jornalista emprega na narrativa dos sertões uma visão antropológica e social do norte e nordeste do pais e o momento de transição em que este se encontrava, do sistema monárquico para o republicano.
Euclides minucioso e um republicano fervoroso situa o leitor tanto geograficamente, com o capitulo Terra quanto social, com o capitulo o homem e o conflito em si com o capitulo a luta.
A figura central do livro é o asceta Antonio Conselheiro andarilho anacoreta que arrastou milhares de nordestinos para o paraíso Belo Monte na antiga fazenda de Canudos onde ergueu milhares de casas de pau a pique e igrejas, entre os anos de 1895 e 1897, sendo que o conflito ocorreu no ano de 1897. Conselheiro avesso a republica, pois via nessa o diabo encarnado, esta criou o casamento no civil, toma dos que nada tem, sem nunca nada ter dado, decide que em Canudos seu povo viveria em respeito; trabalhando e rezando sem a preocupação de qualquer acumulo de riqueza e principalmente sem obidiência a república. Isso afetava o então governo de Marechal Floriano Peixoto em aspectos cruciais para o inicio do novo sistema; a insurgência o que poderia fomentar outros estados a não reconhecer a republica, a igreja que via nas práticas de Conselheiro uma ameaça para o catolicismo e por fim aos grandes latifundiários; ex-Barões que perdiam seus empregados para o engajamento de Canudos.
O relato de Euclides que no fim viu nas quatro expedições para acabar com Canudos uma grande insensatez e de fato é este o sentimento que ficamos ao terminar o livro. Não houve por parte do governo uma única tentativa de negociação pacifica e sim o uso de força bruta para combater gente pobre, sem instrução que tinha na terra sua única fonte de sobrevivência, é importante ressaltar que em 1893 o nordeste teve uma das piores secas de toda a história o que empurrou o povo, já religioso, dessas regiões ainda mais para o apelo dos santos e ai a figura de Conselheiro veio como uma espécie de milagre para essa gente. Conselheiro que já vagueava pelos sertões há mais de três décadas, conhecia cada palmo dessa terra, fato este decisivo para a escolha do local para fundar sua sociedade.
O terreno como bem descrito no capitulo terra, a catinga, é desértico, árido, com vales e contrafortes onde o sol castiga o couro fustiga a alma dos mais valentes. Conselheiro sabia que o governo viria atrás dele, já o haviam atacado em uma ocasião quando ele tinha umas duzentas pessoas lhe seguindo. E como ele mesmo disse em escritos achados mais tarde nos escombros de Canudos, "Cheguei aqui perseguido, e perseguido serei pelo o cão da república".
Mas a catinga é a realidade do jagunço, do cangaceiro e dos 13 de maio, escravos então libertados pela lei áurea. Somando ao todo Canudos já contava com uma população de aproximadamente 25 mil habitantes, acostumados com todo tipo de privação e dificuldade lhe impostas pela o clima, pela terra. E como descreve Euclides "O sertanejo antes de tudo é um forte" fato este que foi subjugado pelas quatro expedições, onde três foram completamente dizimadas pelos sertanejos e quarta por pouco também não o foi.
Este fato provavelmente deve ser uma grande macula na história do exército brasileiro que não exerceu justiça e sim uma espécie de vingança, transformando o conflito em um verdadeiro massacre, "olho por olho, dente por dente" e diante desse quadro Euclides passa a questionar os motivos do conflito e a posição do exercito que mesmo com uso dos melhores equipamentos da época não conseguiu subjugar os últimos combatentes de Canudos que morreram fustigados pela sede, fome e exaustão total nas trincheiras de defesa do arraial principal, onde estavam construindo casas com tijolos e cobertura de telhas. O livro é o obrigatório para quem quer conhecer o Brasil e a mistura de raças que nos somos e esse importante conflito que até hoje ainda é tratado com certo tabu.
Os sertões acaba por sendo um fiel retrato desse episódio da história do Brasil. Euclides que foi militar, engenheiro e por fim jornalista emprega na narrativa dos sertões uma visão antropológica e social do norte e nordeste do pais e o momento de transição em que este se encontrava, do sistema monárquico para o republicano.
Euclides minucioso e um republicano fervoroso situa o leitor tanto geograficamente, com o capitulo Terra quanto social, com o capitulo o homem e o conflito em si com o capitulo a luta.
A figura central do livro é o asceta Antonio Conselheiro andarilho anacoreta que arrastou milhares de nordestinos para o paraíso Belo Monte na antiga fazenda de Canudos onde ergueu milhares de casas de pau a pique e igrejas, entre os anos de 1895 e 1897, sendo que o conflito ocorreu no ano de 1897. Conselheiro avesso a republica, pois via nessa o diabo encarnado, esta criou o casamento no civil, toma dos que nada tem, sem nunca nada ter dado, decide que em Canudos seu povo viveria em respeito; trabalhando e rezando sem a preocupação de qualquer acumulo de riqueza e principalmente sem obidiência a república. Isso afetava o então governo de Marechal Floriano Peixoto em aspectos cruciais para o inicio do novo sistema; a insurgência o que poderia fomentar outros estados a não reconhecer a republica, a igreja que via nas práticas de Conselheiro uma ameaça para o catolicismo e por fim aos grandes latifundiários; ex-Barões que perdiam seus empregados para o engajamento de Canudos.
O relato de Euclides que no fim viu nas quatro expedições para acabar com Canudos uma grande insensatez e de fato é este o sentimento que ficamos ao terminar o livro. Não houve por parte do governo uma única tentativa de negociação pacifica e sim o uso de força bruta para combater gente pobre, sem instrução que tinha na terra sua única fonte de sobrevivência, é importante ressaltar que em 1893 o nordeste teve uma das piores secas de toda a história o que empurrou o povo, já religioso, dessas regiões ainda mais para o apelo dos santos e ai a figura de Conselheiro veio como uma espécie de milagre para essa gente. Conselheiro que já vagueava pelos sertões há mais de três décadas, conhecia cada palmo dessa terra, fato este decisivo para a escolha do local para fundar sua sociedade.
O terreno como bem descrito no capitulo terra, a catinga, é desértico, árido, com vales e contrafortes onde o sol castiga o couro fustiga a alma dos mais valentes. Conselheiro sabia que o governo viria atrás dele, já o haviam atacado em uma ocasião quando ele tinha umas duzentas pessoas lhe seguindo. E como ele mesmo disse em escritos achados mais tarde nos escombros de Canudos, "Cheguei aqui perseguido, e perseguido serei pelo o cão da república".
Mas a catinga é a realidade do jagunço, do cangaceiro e dos 13 de maio, escravos então libertados pela lei áurea. Somando ao todo Canudos já contava com uma população de aproximadamente 25 mil habitantes, acostumados com todo tipo de privação e dificuldade lhe impostas pela o clima, pela terra. E como descreve Euclides "O sertanejo antes de tudo é um forte" fato este que foi subjugado pelas quatro expedições, onde três foram completamente dizimadas pelos sertanejos e quarta por pouco também não o foi.
Este fato provavelmente deve ser uma grande macula na história do exército brasileiro que não exerceu justiça e sim uma espécie de vingança, transformando o conflito em um verdadeiro massacre, "olho por olho, dente por dente" e diante desse quadro Euclides passa a questionar os motivos do conflito e a posição do exercito que mesmo com uso dos melhores equipamentos da época não conseguiu subjugar os últimos combatentes de Canudos que morreram fustigados pela sede, fome e exaustão total nas trincheiras de defesa do arraial principal, onde estavam construindo casas com tijolos e cobertura de telhas. O livro é o obrigatório para quem quer conhecer o Brasil e a mistura de raças que nos somos e esse importante conflito que até hoje ainda é tratado com certo tabu.
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