A proposta de Eagleton é resgatar o significado do termo tão vulgarizado na homogeneização da cultura de massa. Partido da premissa etimológica de cultura como conceito derivado da natureza e algo que precisa ser elaborado numa forma humanamente significativa e portanto uma tensão entre fazer e ser feito, uma dualidade entre desejo, razão e paixão, a natureza então não é apenas matéria que vai dar forma ao mundo que nos faz civilizados, que estabelece as convenções sociais. "A natureza humana não é o mesmo que uma plantação de beterraba, mas precisa ser cultivada". Já que cultura é tudo aquilo que não é genético.
O método de analise e critica de Eagleton para trazer o termo cultura para um conceito muito mais que calças rasgadas, pirecings, cabelos de personagens mangás japoneses, bem como comportamentos pós-modernista globalizado, passa pelo conceito de Estado como agente que universaliza de forma particular indivíduos de uma sociedade. Creio que cabe citar conceito weberiano do papel do indivíduo na sociedade, onde esta sofre as percepções individuais do sujeito, visto que a cultura demanda certas condições sociais. Mas Eagleton traça importante paralelo entre o poder construtivo e destrutivo da cultura dentro da política de identidade, a medida que cultura como modo de civilização é altamente discriminativa, mas como modo de vida não o é.
Eagleton também busca nas grandes sistematizações como o marxismo, tornar a cultura como critica ao capitalismo, uma vez que esta é inteiramente impregnada de materialidade humana, pois assim como o capitalismo de Marx a cultura através da simbologia lingüística, é possível transcender a si mesmo, pois esse deveria ser a meta de um ser que cria símbolos, mas como contraponto, apenas indivíduos lingüistas são capazes de desenvolver armas de destruição em massa as quais eles mesmo são vulneráveis.
Na falta no modelo de argumentos de Eagleton olhar para arte, e para tal ele traça critico olhar sobre a obra Rei Lear de Shakespeare e como este tinha apurado sendo de definição de cultura. E como admirador confesso das teorias de Zizek ele usa os conceitos de universal do filosofo esloveno na questão da alteridade, diz Zizek "toda cultura, portanto tem um ponto cego interno em que ela falha em aprender ou estar em harmonia consigo mesma, e perceber isso, é compreender essa cultura mais completamente."
Eagleton dedica boas linhas a Zizek para fundamentar o quão é importante fugirmos de conceitos antropocêntricos, "Eu compreendo o Outro quando me torno consciente de que o que nele me afinge, sua natureza enigmática, é um problema também para ele", de acordo com Zizek "A dimensão do universal emerge assim quando as duas carências - a minha e a do outro - se sobrepõem"
O livro de Eagleton certamente cria nova maneira de olhar a civilização sob a ótica da cultura, a final para nos tornanmos o que somos, passamos por um longo processo de "domesticação" ou processo civilizador como bem escreveu Norbert Elias em seu Processo Civilizador de 1939.
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