sábado, 28 de julho de 2012

Dark Knight Rises

Por Pachá
O terceiro e derradeiro episodio do homem morcego sob a batuta de Christopher Nolan toma as telas esse mês. E Nolan não decepciona. Ele poderia manter o padrão dos dois últimos episódios que já estaria valendo o ingresso, mas o cara fez mais, superou as expectativas para aqueles que acredidatavam, e me incluo nessa, que não seria possível ir além, dado que o segundo episodio, Dark Knight, parecia ser ápice da franquia. 

Como nos episódios anteriores Batman tem um vilão a altura, que trabalha nas falhas do herói, sua vaidade, medo, arrogância. Bane (que nos HQ surge no retorno do cavaleiro das trevas em 1997) uma espécie de master blaster  de Mad Max no quesito visual, que se intitula o próprio liga das sombras, herdeiro dos ensinamento de Ra's Al Ghul. Impiedoso, inteligente e articulado. E como o coringa do segundo filme, Bane é igualmente carregado de ideologia politica, uma especie de Bakunin que não prega a tomada do poder, mas destituição de qualquer autoridade, inclusive do Estado, e assim é o plano de vingança de Bane contra Gotham City, que conta com a tomada do poder pelo povo dominado, numa especie de anarquia onde o povo é autogovernado, e sem povo não há autoridade, sem autoridade não há poder coercivo do Estado e de suas instituições que empregam a força, a policia. O herói por sua vez, imerso na prisão moral altruísta em prol da maioria, erguida após morte de Harvey Dent, na tentativa de dar ao povo de Gotham City um herói que norteasse seus valores para assim molda-la, perde os lastros que o mantêm no mundo, e se isola. E nesse ponto reside a maestria do roteiro do próprio Nolan e Jonathan Nolan, provavelmente irmão de Christopher Nolan, em entrelaçar de forma dinâmica e fluida as HQs, Terra de Ninguém de 1999 e O retorno do Cavaleiro das Trevas 1997.

Tecnicamente o filme mantém o primor dos anteriores, uso de câmeras Imax, sequências de ação com pouco uso do CGI, a cena inicial do avião que foi toda realizada com atores em situação real, é um deleite, muito similar ao realizado em gravidade zero em Inception,  deixando claro que mesmo quão perfeito possa ser o ambiente computadorizado, ainda sim perde em plasticidade e naturalidade para as cenas de perigo real em ambiente natural.
 No quesito interpretação a grande surpresa, ou melhor as grandes surpresas são Anne Hathaway como mulher gato, uma ladra com intenso amor próprio, egoísta, sede de riqueza e segurança, que mexe com o radar do homem morcego. Achei exagerado a preocupação do personagem em manter enterrado seu passado a qualquer custo. Quando soube de sua escalação para o papel confesso que não fiquei esperando muito da moça, mas ela deu mostra de dar conta do recado, embora suas cenas de ação são pouco convincentes. Outra grande surpresa é Tom Hardy como Bane, este mostra grande versatildiade em filmes de ação. Joseph-Gordon Levitt também cumpre honrosamente seu papel, embora o roteiro entregue nas primeiras aparições que o sujeito será o garoto prodígio (santos spoilers batman). O restante do elenco, mantêm o padrão dos filmes anteriores, Fox (Morgan Freeman) como desenvolvedor dos brinquedos de Wayne, no mesmo sarcasmo e excentricidade dos gênios. Alfred (Michael Caine) perfeito como elo entre Wayne e o mundo que de certa forma humaniza o herói, quando Alfred o alerta para o fato de que uma mascara e agilidade não o torna imortal, a prova são as inúmeras lesões espalhada pelo corpo do bilionário Wayne. Miranda (Marion Cotillard), deixou claro que papel de vilã não é seu forte, outra percepção grandiosa de Nolan ao ter direcionado toda carga de vilania para Bane.
As 3 horas de filme passa despercebida, tal é a tensão que a trama desencadeia desde primeira cena até desfecho, pedindo do espectador atenção constante nos detalhes e nos dialogos que são longos, mas pertinentes independente do personagem.  É reconfortante entrar num cinema e assistir a um filme de ação baseado em HQ que mais do que honesto, tenha relação orgânica com as fontes utilizadas. Batman - O Retorno do Cavaleiro é um um filme grandioso em todos os aspectos, principalmente como diversão. Candidato certíssimo aos melhores do ano.

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