domingo, 18 de agosto de 2019

Unicórnio 2017

Por Pachá

Baseado nos contos de Hillda Hilst , "Unicórnio e Matamoros" o filme  de Eduardo Nunes não possui uma narrativa palatável, e isso, creio, está se transformando em uma marca do diretor, "Sudoeste" seu primeiro longa, também tem estrutura narrativa semelhante. 

Em unicórnio há um esforço, em desenrolar a trama em doses lentas de temas complexos, a sexualidade e transição da adolescência para fase adulta de Maria (Bárbara Luz) a sexualidade de sua mãe (Patricia Pillar) uma vez que seu marido (Zé Carlos Machado) está afastado das duas, sabemos de sua presença em conversas com Maria em algum momento da vida dela. Há também uma rivalidade velada, nutrida por Maria em relação mãe, desencadeada por ciúme, sexualidade aflorada da mãe em relação ao criador de cabras, ( Lee Taylor).

Se por um lado esse desenvolver lento por vezes compromete o prazer de assistir, por outro fornece o lastro para dar sentido as peças que vão se encaixando no quebra cabeça montado por Maria para entender o mundo a sua volta. 

Filmado na região de montanhas de Friburgo, a fotografia de Mauro Pinheiro Jr ajuda a criar essa passagem lenta e também subverter essa percepção de arrastamento, pelos belos planos, muito embora o color grading saturado prejudique (minha percepção) a naturalidade da paisagem, mas que se justifica para criar a atmosfera de fábula criada por Maria na alegoria do unicórnio. 

As atuações são convincentes, principalmente entre Bárbara e Pillar com diálogos curtos, expressões que dizem mais do que o que se fala. O cinema de Eduardo Nunes é repleto desse jogo, entre o que se fala e o que se esconde nas expressões dos personagens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário