quinta-feira, 10 de março de 2011

On The Waterfront 1954


Por Pachá
Elia Kazan rompe com On the waterfront (Sindicato de ladrões) a estética hollywoodiana da época, ao colocar como herói um personagem badboy, Marlon Brando ao mesmo tempo que tenta introduzir os conceitos do neo-realismo, já bastante em voga na Europa pós-guerra. Ainda que a produção seja  de um grande estúdio onde há preocupação com iluminação, locações e montagem, Kazan tenta dar um realismo ao filme ao retratar o dia-a-dia das docas de Nova York com seu funcionários em trajes esfarrapados, mau encarados, a constante disputa para conseguir um dia de trabalho a mercê de um sindicato que nada fazem por eles a não ser explorá-los em beneficio de poucos. Terry (Marlon Brando) é um jovem sem muitas expectativas de futuro, apenas sobrevive dia após dia sem muito esperar da vida ao passo que seu irmão Charley ( Rod Steiger) é o braço direito do gangster que controla as docas, extorquindo e matando se for preciso. Os grandes planos da cidade de Nova York a partir dos telhados, lugar onde Terry se isola para cuidar de seus pombos, mostra o apurado controle de câmera e domínio de luz dando ao filme a sensação de imponência diante do mundo, de suas regras sejam elas justas ou não, mas são assim que as coisas funcionam. A interpretação de Brandon tem o seu contumaz deboche que influenciou e influencia até hoje a forma de atuar, dando ao personagem uma formidável espontaneidade. Por esse papel ele ganhou o Oscar de melhor ator em 1955. O diretor logo após o desfecho da II Guerra Mundial foi um dos imigrante filiados ao partido comunista que foram perseguido pelo famigerado "comitê de atividades anti-americanas" durante o governo McCarty e guerra fria com antiga União Soviética e por isso foi obrigado a delatar outros colegas, isso o afastou de amigos causando grande impacto em seus trabalhos. E tal qual acontece com o personagem de Brandon que ao tentar consertar o rumo de sua vida precisa delatar seus "amigos" do sindicato. Uma coisa curiosa que me ocorreu enquanto assistia ao filme, foi o livro de Will Eisner Força da Vida, não sei porque mais a atmosfera criada por Kazan me remeteu a esse trabalho de Eisner.



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