segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Balada do Soldado

Por Pachá

O cinema russo desde seu inicio teve a preocupação de se firmar como meio de expressão artística. Seu expoente máximo Serguei Eisenstein influenciou uma leva de novos diretores, dentre eles o diretor ucraniano Grigori Chukhrai. A balada do soldado é seu terceiro e talvez mais famoso filme fora da Rússia, onde o diretor goza de prestígio de artista popular. Em 1960 balada do soldado foi indicado a palma de ouro em Cannes e ao Oscar de melhor roteiro original.


A temática da guerra permeou a filmografia do cineasta que participou do conflito mundial de 1939-1945. Em balada do Soldado ele narra a epopeia de Alyosha (Vladimir Yvashova) um soldado de 19 anos que atua no front de batalha como operador de radio na segunda Guerra Mundial, que num ato heróico destroi dois tanques alemães. Como recompensa ele ganha licença para passar dois dias com sua mãe, que escreveu dizendo que o telhado da casa esta caindo. A partir dai a história de Alyosha ganha certo ar romântico. A Rússia é grande, para chegar a sua aldeia Alyosha precisa passar pelas dificuldades impostas pela guerra, transporte precário, estradas e pontes 
destruídas e contratempos como... camaradagem de guerra, quando encontra pelo caminho soldado que perdeu uma das pernas e crer que sua mulher não mais o aceitará com tal deformação. Ou mesmo levar sabão para esposa de um soldado que conheceu a instantes. E o amor, quando escondido em vagão de trem de carga conhece a doce e jovem Shura (Zhanna Prokhorenko) que está a caminho da casa de uma tia. Os dois, vão cruzando as longas planícies russas alheio a destruição de seu pais, pois algo já estabeleceu entre os dois, primeiro amizade em seguida uma casta paixão nas poucas horas que passam juntos.


O filme retrata ainda que de forma sutil o espirito russo, de um povo trabalhador e resignado, seja no campo ou na cidade, há intenso senso de responsabilidade para com a nação e sobretudo com o povo, senso este que veio da revolução de 1917 e que levou os bolcheviques ao poder em seguida Stalin. O filme capta com certa ingenuidade, talvez ai resida a pureza do historia, a passagem em único momento da adolescência a vida adulta por um gesto brusco que só uma guerra pode causar. Há também no filme a mensagem pacifista que sucedeu logo após o primeiro conflito mundial e se intensificou com o segundo conflito. E a mensagem do final traduz bem a insensatez que é uma guerra, ceifando vidas, destruindo famílias e sobretudo interrompendo sonhos ... "Ele poderia ter sido um poeta, um grande arquiteto, artista famoso..." 

O filme foi restaurado e nos extras, que são bem pobres, é possível ver o original e como ficou após restauração, uma verdadeira arte.


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