Por Pachá
Os personagens de Wood Allen quando encarnam suas neuroses, sempre a beira de uma sincope, assolados por divagações que quase sempre escamoteia uma luta de classes ou revolta pelo lugar que ocupa na sociedade, normalmente rende bons dramas, e não por coincidência são aclamados pela critica e público.
Duas coisas são explicitamente notadas, a interpretação de Kate Winslet com vibrante presença de cena, com diálogos e monólogos que não deixa dúvida quanto ao imenso talento da atriz. Ginny é a encarnação da dona de casa dos anos 50, não a dos comercias, mas as solteiras e com filhos, obrigada aos infortúnios do destino para se sustentar e não se afundar em depressão e no alcoolismo. Ela vive nessa tênue linha, entre o desespero de uma realidade avassaladora com seu marido Humpty (James Belushi), um autêntico looser perante ao self made man americano, e a esperança de não perder jamais as esperanças, essas renovadas quando conhece o aprendiz de dramaturgo, Mickey (Justin Timberlake), mais novo que Ginny.
Assim como tiros na Broadway há em Roda Gigante (esse é o titulo no Brasil), um embate ou melhor uma opressão daqueles que se sentem acima, intelectualmente, dos seus pares, Ginny olha com incredulidade a maneira como Humpty come e se porta a mesa, de seus amigos aculturados, das pescarias e com essa a certeza de que ela não pode terminar os seus dias nesta situação, o tórrido romance que engata com Mickey, leitor voraz e prestes a iniciar mestrado em literatura, é uma promessa, se não de riqueza ao menos de conversas mais elevadas, de verdadeiros passeios e não pescarias e conversas que mais parecem discursões e brigas.
Uma outra coisa é a fotografia de Vittorio Storaro e se em Café Society quase não se vê a marca de Storaro, aqui em Roda Gigante ele está a vontade, e o resultado é uma aula de fotografia, de uso de cores e movimentos de câmeras que por si só já vale cada frame, cada minuto do filme, e o cenário, Coney Island dos anos 50, dos parque de diversão a beira mar da boardwalk no qual Storaro tira muito proveito disso, as luzes e colorido do parque estão sempre presente, confrontando a vida absurda de seus personagens.
Os finais trágicos e sem finais felizes, é uma característica dos filmes de Allen, mas não são por pessimismos, e sim por se amparar na trajetória dos personagens, que assim como na realidade, não estão alheio as suas decisões e escolhas cuja as consequências irão desencadear eventos que permitem finais abertos e por tanto novas aventuras.
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