Por Pachá
Philippe Garrel é desses diretores que acredita no amor como um dos lastros fundamentais da condição humana, e esse amor não necessariamente pode se materializar nas relações entre duas pessoas, mas também na própria produção humana, e a arte é uma delas, o cinema mais especificamente, assim como o conhecimento nos apaixona e por ele até nos sacrificamos. Em amante por um dia, Garrel coloca esse amor, nada altruísta, ao contrário, puramente egoísta, no estilo de vida de Ariane (Louise Chevillotte), ainda que esteja apaixonada por Gilles (Eric Caravaca), ela não abre mão de seu estilo de vida, amores fugazes por puro prazer.
A abertura do filme vemos uma mulher, Jeanne (Esther Garrel, filha do diretor) em pleno sofrimento pelo término do relacionamento. Ela então retorna para casa do Pai, Gilles e a partir dai duas histórias de amor se cruzam, uma que acabou e outra que está em seu início, Gilles e Ariane estão morando juntos há três meses.
O filme se utiliza de uma narração em off, antecipando ou explicando fatos, algo que confesso é redundante e as vazes irritante. Entre Ariane e Jeanne nasce certa cumplicidade, já que tem a mesma idade, e os pequenos segredos que as duas passam a guardar, são os prenúncios das consequências dos caminho e ciclo viciosos que os amantes estão sujeito em suas tentativas de moldar as respectivas histórias amor. Jeanne em sua dor, tenta suicídio, em uma cena se a menor veracidade, mas é impedida por Ariane. Jeanne descobre que a namorada do pai pousa para revistas de nudez.
A fotografia em preto e branco, abraça bem os dramas amorosos, sem apelar para os exageros ou açucaradas cenas que o tema parece sempre recorrer, e se ampara nos limites dos conflitos amorosos, a infidelidade, a perda, o recomeço e a certeza de que após essas grandes fissuras deixadas pela perda ou falta de alguém, é como se nos amputassem o ar, mas ainda sim continuamos vivendo, a personagem de Jeanne em algumas cenas, lembram bem esse tipo de sofrimento, é sútil, e por isso mesmo explorar a complexidade de algo simples, que em muitas vezes não requer explicação, desde que já se tenha passado por semelhante situação, é o grande mérito de Amantes de um dia que transporta para a tela de forma cartesiana e egoísta as relações amorosas.
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