Por Pachá
Tudo pode dar certo é um filme acima de tudo divertido, embora alguns possam enxergar nele algo de pessimista, ranzinza no alter ego de Allen no protagonista Boris Yellnikof (Larry David), mas o recado de Allen é claro, ao menos assim me pareceu, que a cada geração perdemos em civilidade, nos embrutecemos (para não falar mais burros) ao pairamos sobre a superfície de futilidades que mascaram ou ignoram sumariamente posturas mais criticas diante da vida, ou da condição humana. E os preceitos onde Allen se apóia para sua critica a sociedade imediatista, do estado constante de urgência num presente continuo ignorando que este é apenas um passado recente, vem da física clássica do estado de entropia (estado mais ordenado para o mais desordenado) da segunda lei da termodinâmica, no qual um sistema entra em equilíbrio quando alcança o ponto máximo de entropia. Creio que por isso o protagonista é um teórico indicado ao prêmio Nobel de física.
Boris é um senhor de meia idade, hipocondríaco, misógino e com tendência suicidas que leva um vida sem muitos altos e baixo, mora em um apartamento simplório, não vive assombrado pelo consumismo ou qualquer materialismo por ele julgado desnecessário. Boris está em equilíbrio com seu sistema, seu grupo de amigos na sua maioria intelectuais da arte, filosofia que o tem como rabugento, intelectualmente prepotente, mas com certa credibilidade, pois como ex- professor da universidade de Columbia ele se julga o único a entender caos do universo, argumento este aceito pelo grupo. Apenas o temor do abismo o qual a humanidade vai em direção lhe assombra certas noites. Ao retornar para casa encontra a desamparada Melodie St. Ann (Evan Rachel Wood) e todo o sistema de Boris entra novamente em desequilíbrio quando Melodie propõe morar com ele, pois se diz apaixonada por Boris. E a partir desse encontro entre uma jovem puritana e um físico rabugento Allen extraia ótimos exemplos de choque de geração e cultura.
As interpretações é outro ponto forte do filme, Larry David consegue encarnar com muita propriedade as neuroses de Allen em um personagem rabugento, ranzinza mas que não consegue invocar qualquer sentimento odioso, ele é manco, velho e talvez para ele é melhor tentar a ira dos seus do que pena. Evan Rachel também está correta no papel de jovem que pela primeira vez toma contato como o mundo de verdade. Compões também o cast com louvor a atriz Patricia Clarkson no papel da mãe de Melodie que é traída pelo marido com sua melhor amiga, desiludida ele vai ao encontro da filha e o sistema de Boris alcança a entropia máxima. Marietta a personagem de Patricia Clarkson é o personagem que sofre as maiores transformações e nela que Allen aplica o conceito de alta cultura, universalizada pos-modernista. E ai desse encontro no que diz respeito a felicidade tudo pode dar certo.
Tecnicamente o filme tem o estilo de Allen, diálogos carregados de inteligente sarcasmo apenas uma observação para fotografia, que em estúdio, interior do apartamento, Boris, lembra a década de 30 do séc. XX em contraste com as cenas externas e demais interiores. O filme recebeu criticas negativas do roteiro que segundo esses críticos fora escrito na década de 70, algumas passagens é notório, para falar a verdade até percebi, mas que não compromete a diversão proporcionada. Enfim é um ótimo filme para ver e rever, e foi isso que fiz assisti pela segunda vez.
Tecnicamente o filme tem o estilo de Allen, diálogos carregados de inteligente sarcasmo apenas uma observação para fotografia, que em estúdio, interior do apartamento, Boris, lembra a década de 30 do séc. XX em contraste com as cenas externas e demais interiores. O filme recebeu criticas negativas do roteiro que segundo esses críticos fora escrito na década de 70, algumas passagens é notório, para falar a verdade até percebi, mas que não compromete a diversão proporcionada. Enfim é um ótimo filme para ver e rever, e foi isso que fiz assisti pela segunda vez.
Gosto bastante desse filme. Diferente do seguinte "Você Vai Encontrar o Homem dos seus sonhos" , Whatever it Works é uma síntese das coisas bacanas do Woody. Muita coisa no filme pode parecer meio desgastada ou ingenua mas é divertido ver o Allen desancando dogmas, instituições e raça humana com um personagem deliciosamente misantropo.
ResponderExcluirCreio que a distância entre Whatever works e Você vai... se dá pelos roteiros, o primeiro é da época mais criativa de Allen, década de 70, ao passo que o segundo é de uma Allen, digamos uma pouco cansado, mas deixo claro que esse cansaço não o impede de fazer ótimos filmes de vez em quando, vide Midnight in Paris.
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