sábado, 23 de junho de 2012

Prometheus

Por Pachá
Foi longa a espera, mais de trinta anos após o primeiro filme da franquia, alien – o oitavo passageiro, não consigo dissociar o primeiro dessa continuação. Prometheus se passa três décadas antes do oitavo passageiro e em minha percepção algo se perdeu, quem espera uma atmosfera similar a do oitavo passageiro, ficará desapontado, eu fiquei. Não que o filme seja ruim, longe disso, mas Sr. Scott, Jon Spaihts e Damon Lindelof estes últimos os roteiristas criaram uma expectativa e deixou a desejar. Há muito efeito especial e pouco clima de suspense. Creio que isso se dá quando se tem muito budget (dinheiro) e, por conseguinte pouco explora a criatividade, ficando com as opções mais obvias que o dinheiro possa permitir. Mas ai voltemos ao oitavo passageiro, que também não tinha problema com orçamento, mas havia as limitações tecnológicas. O alien do oitavo passageiro é de carne, osso e borracha e o resultado é surpreendente até para os dias atuais, e ninguém se incomoda se os computadores da Nostromo são de ultima geração ou não, se as naves têm texturas futurísticas ou não. Em prometheus a fotografia nítida com discretas sombras, talvez para mostrar e justificar os altos gastos com efeitos especiais, nada tem da fotografia clautrofoborica de alien. Há pouca limitação tecnológica visto que o CGI e as modelagem por computadores consegue resolver quase tudo, e com isso se perde a atmosfera sombria que há em alien, criada por Dan O´Bannon e Ronald Shusett muito bem assessorado por H. R Ginger e Moebius.

Engenheiro do 8 passageiro


Em prometheus a arqueóloga Elizabeth Shaw (Naomi Rapace) está longe duma Ellen Rippley, mas está correta no papel transmite a carga dramática condizente com desenrolar do roteiro, é encarregada juntamente com Holloway (Logan Marshall-Green) de entrar em contato com os engenheiros, ou seja, o nosso criador reforçando a tese de que a vida no planeta Terra veio do espaço, assim como prega Erik Von Daniken em Éramos os deuses astronautas, que em entrevistas Ridley Scott diz homenagear. Assim como em Alien em prometheus há duas mulheres (três uma é ignorada deliberadamente), que travam dilemas separados, Dra. Shaw quer provar sua tese de que vida veio do espaço, Meredith (Charlize Theron) que mais lembra a exterminadora T-X (Kristanna Loken), ou mesmo uma replicante (termo abordado por outro clássico de Scott em Blade Runner de 1982) alias há questionamento quanto a humanidade dela por um dos personagens, Janek (Idris Elba). Meredith está preocupada com a sucessão do império WAYLAND e a expedição ao planeta LV-426 é pra ela apenas mais um degrau a conquistar para provar que é digna do desafio da WAYLAND CORPORATION. Entre a ideologia cientifica e a ideologia corporativista, fica certos vácuos mal explorado pelo roteiro, nos dando apenas sugestão, vejamos; seria mesmo Meredith uma andróide? Este artifício funcionou soberbamente em Blade Runner. Na visão patriarcal de Scott sobra simbolismo fálico, basta ver a versão proto alien, que nada em liquido preto viscoso o que nos leva a outro ponto cego do roteiro, pois não há como desconectar prometheus de alien o oitavo passageiro, embora seja essa uma preocupação de Scott de ter um filme novo descolado do primeiro, uma vez que conhecemos a forma do alien e como ele se reproduz o que conflita com a proposta e forma de reprodução do alien em prometheus, deixando sugestões como evolução ao longo dos anos, afinal os acontecimentos que levaram a morte dos engenheiros tem mais de 2000 anos. 

Engenheiro de Prometheus com devido auxilio de H.R Ginger 
Os atores masculinos de prometheus são meros cumpridores de falas, exceção para Fassbender como o andróide David, que tem posturas de vilão e noutras de bondoso  conselheiro.  Assim como Ash (Ian Holm) em alien, David também perde a cabeça, literalmente, e mais uma vez o roteiro traz ambigüidades, pois sugere que David nutre certo afeto por Shaw e ele parece saber muito mais do que aponta a trama, talvez resida nesse fato um gancho para a continuação de prometheus. Os demais atores masculinos são descartáveis, Fifield (Sean Harris) o geólogo, participação questionável, para não dizer o mínimo, os co-pilotos desnecessários. Logan MG como doutor Halloway idem. Mesmo nomes importantes como Idris Elba tem participação opaca, está no automático. No contingente de tripulantes de prometheus há uma comitiva acompanhando o patriarca WAYLAND, e desaparecem da mesma maneira que surgem. 

Fico desapontado saber que a retomada da franquia Alien é mais um espetáculo técnico, para isso temos James Cameron (que também já dirigiu uma continuação do asqueroso cabeçudo aliens - O resgate) com seus avatares da vida. 

Elenco:
Michael Fassbender   (David) 
Charlize Theron   (Meredith Vickers) 
Noomi Rapace   (Elizabeth Shaw) 
Patrick Wilson   (Charles Weyland) 
Guy Pearce   (Stannison) 
Idris Elba   (Captain Janek) 
Rafe Spall   (Milburn) 
Logan Marshall-Green   (Holloway) 
Sean Harris   (Fifield) 
Kate Dickie   (Imora) 

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