domingo, 11 de agosto de 2013

Lulu on the Bridge (O Mistério de Lulu)

Por Pachá
Paul Auster é conhecido por escrever historias não muito lineares com inclusão de elementos surreal. Escritor com formação em literatura pela Universidade de Columbia e com alguns best sellers (livro das ilusões só para citar algum) na bagagem fez sua primeira investida para o cinema em 1998 com O mistério de Lulu (Lulu on the Bridge) e nesse não podia deixar de conter o elemento imponderável. 

Izzy (Harvey Keitel) é saxofonista lider da banda de jazz Katmandu. No que era pra ser mais uma apresentação costumeira da banda, um sujeito invade o local, e disparando a esmo atingi Izzy. A partir dai o filme adentra o terreno tão bem explorado na literatura de Paul Auster, historia dentro de outra historia. Izzy sobrevive ao ferimento, porem perde um dos pulmões o que encerra sua carreira como saxofonista. Em paralelo temos a historia de Celia Burns (Mira Sorvino), uma atriz de pequenas pontas que tem como sustento o trabalho de garçonete no falso restaurante francês. Nesse certamente reside critica aos pseudo restaurantes sofisticados do Brooklyn já que Paul Auster viveu na França e foi profundamente influenciado pelo estilo de vida e literatura francesa. 

Izzy perde o lastro da vida, como bem define "ar é musica, e musica é vida, sem musica não há vida". Em sua adaptação a nova condição e auxiliador por sua ex-esposa Hanna (Gina Gershon) que agora esta casada com produtor de cinema, esta o convida para jantar  em sua cassa em família. Izzy então conhece Catharine Moore (Vanessa Redgrave) uma grande atriz do cinema que agora é diretora. Na volta pra casa após o jantar Izzy encontra cadáver com tiro na testa. Ao lado do homem um pasta, que Izzy não hesita em levar consigo. O passado dos personagens, ou pelo menos do personagem Izzy é desnudado aos poucos, mas a essa altura já sabemos que ele nunca foi modelo de conduta. Sujeito truculento, brigão e egotista. E que vê na sua nova condição uma espécie de castigo pelo seu passado, e que portanto a justiça foi feita quando lhe tiram um pulmão e não a vida. Em casa Izzy encontra duas coisas dentro da pasta, um guardanapo com numero telefônico e uma caixa. Dentro da caixa uma outra caixa, dentro desta uma nova caixa ainda menor e desta uma pedra, um pequeno pedaço de mineral arredondado com fundo achatado. Intrigado com a morte do sujeito por perder a vida por tão pouco, Izzy não consegue dormir. Seu quarto é invadido por misteriosa luz azul emanada da pedra que repousa em cima da mesa. E voilà esta inserido o elemento fantástico dentro da historia. Pela manhã Izzy liga para o numero do guardanapo e quem atende é Celia.

E tal como utilizado no embrulho da pedra em várias caixas, que não serviu apenas de elemento de suspense é também uma pequena síntese da estrutura narrativa de Paul Auster que se utiliza do método da caixa chinesa para criar seu universo onírico. 

Os dois presenciam o fantastico azulado da pedra quando colocada em ambiente de pouca luz. Celia ao contrario de Izzy toca a pedra e sente, segundo ela, algo como nunca antes sentido e portanto indescritível. Izzy faz o mesmo, e a sensação de êxtase se repete. Os dois logo são conectado através de uma paixão, serena, permanente e duradoura. E ai o filme ganha ares romântico, porém com condução segura sem cair em tons açucarados. Izzy  descobre que Celia em breve fará teste para o novo filme de Catharine Moore, Caixa de Pandora. Izzy dá uma força e Celia ganha o papel de Lulu. Tudo parecia ir bem para o casal apaixonado. As gravações marcada para acontecer na Irlanda acaba por separa-los, mas por poucos dias. Porém entra em cena os supostos donos da pedra, tão misteriosos quanto a própria. Izzy é aprisionado e interrogado pelo Dr. Van Horn (Willem Dafoe) que sabe tudo sobre Izzy desde sua infância até o momento. E dai entramos em mais uma caixa no desenrolar do drama de Izzy Maurer.

Tecnicamente agrada a fotografia de Alik Sakharov com planos bem equilibrados, entre cores e sombras. As atuações são corretas com magnetismo sensorial, quadro a quadro aliado a boa construção do roteiro, nada passa despercebido e o que não é explicado, não era pra ser mesmo com claro intuito de criar atmosfera pretendida, fantástica com ares noir . Harvey Keitel bem a vontade em papeis estranhos. Mira Sorvino graciosa, bela e solta na composição de Lulu, papel vivido por Louise Brooks em 1929. Sem mencionar as ilustres participações, Lou Reed, David Byrne. Essa patota toda já estavam presentes em Cortina de Fumaça e Sem Fôlego, filmes em que Paul Auster assina o roteiro e auxilia na direção com Wayne Wang de 1995 e 1996 respectivamente.
O filme não foi muito bem recebido nos EUA onde recebeu criticas desfavoráveis o que acabou por emperrar na distribuição, mas na Europa o filme rendeu boas criticas. 


 




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