domingo, 15 de setembro de 2013

Repeaters (Labirinto do Tempo) 2010

Por Pachá
Filmes sobre loops temporal são sempre interessantes, por mais derrapadas que possam cometer roteiro e direção, ainda sim rendem boas historias. Em repeaters reside essa máxima onde a parte ruim fica por conta das atuações, porém não a ponto de tornar o filme uma total perda de tempo.

O diretor canadense Carl Bessai carrega no currículo uma penca de filmes no qual narra historias nos mais variados temas, o que denota maturidade na direção. Repeaters deixa bem clara essa percepção, muito embora a ideia seja uma versão trágica de Groundhog Day (Feitiço do Tempo com Bill Murray e Andie McDowell de 1993).

Em Repeaters encontramos um grupo de jovens na casa dos vinte anos em programa de reabilitação para drogados. Tal programa reside principalmente em ajudar o paciente a lidar com as pessoas a quem eles magoaram, machucaram ou de alguma forma os prejudicaram. Nesse ponto há a grande força motriz da historia, já que os protagonistas tem passados conturbados devido as drogas. Kyle Halsted (Dustin Milligan) viu a sua casa ser detruida, sua família espancada por conta de divida de drogas. Sonia Logan (Amanda Crew) era molestada quando criança pelo pai que agora agoniza em hospital. Michael Weeks (Richard Klerk) tem o pai cumprindo prisão por sua causa. Os três criam laços de amizades por conta do passado com as drogas, mesmo tendo pouco em comum. Em tempestade os três são eletrocutados no mesmo instante. E dai em diante os dias dos três se repetem e apenas eles vivem esse loop temporal.

A narrativa de Arne Olsen (roteirista) é eficiente em fugir da armadilha de cenas emendadas ou repetitivas. Cada um a sua maneira tenta aproveitar essa oportunidade para reparar os danos em suas vidas. Kyle tenta se aproximar de sua irmã caçula e impedi-la de seguir o mesmo caminho que ele. Sonia tenta dizer ao pai que não nutre qualquer ódio por ele sabendo que a noite ele morre. A nêmesis da historia é Weeks que vê na repetição dos dias uma licença para aflorar sua natureza psicótica. Weeks é a personificação do livre arbítrio, sem Deus ou justiça dos homens já que no dia seguinte tudo volta a estaca zero. Ao passo que Kyle e Sonia sofrem com a consciência dos atos, mesmo que apagados no dia seguinte e também pelo temor de que o dia não se repita. E ai nos damos conta de como as atuações do trio daria melhor desenrolar com maiores cargas dramáticas ao explorar a dualidade entre consciência e livre arbítrio.

A fotografia com tons frios ajuda na atmosfera de solidão, desamparo em que se encontra os personagens. A cena na cabana da floresta próxima a baia com barcos, rebocadores e máquinas dão intensidade a esta sensação. 



Um comentário:

  1. Parabens pela analise , este filme é muito bom , e a trilha sonora nao fica de fora.

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