terça-feira, 9 de maio de 2017

O Ornitólogo



Por Pachá

A maneira com que o diretor português João Pedro Rodrigues aborda espiritualidade, misticismo e fé, é no mínimo estranha e surreal, mas que agrada pelo suspense e uma expectativa que é prontamente atendida pela narrativa, em uma cascata de eventos que a cada quadro explora reflexões do espectador.  

Fernando (Paul Hamy) é ornitololgo e apresenta certo descolamento do convívio social, ou pelo menos o roteiro deixa a entender isso. Numa incursão pelo Picão do Diabo e rio D'ouro no norte de Portugal, Fernando exercita sua paixão. Descendo de caiaque pelo cânion, ela vai observado os pássaros e observado por esses, o que causa certa expectativa no desenrolar da trama. Na excitação da aventura ele é pego pelas corredeiras e sofre um acidente. A partir dai, Fernando mergulha em uma viagem imersa no sobrenatural, fantástico e místico.

Diante das possibilidades de interpretações que as imagens formam, já que há poucos diálogos, o roteiro deixa grande abertura para reflexões a cerca da condição do protagonista, da sua materialidade terrena ou puramente espiritual. O encontro na floresta com as chinesas Ling (Chan Xua) e Hei (Han Wien) católicas fervorosas, é tão inusitada quanto irreal, conferindo a própria floresta um ar sobrenatural bem ao estilo da idade média, no qual a floresta é um lugar de misticismo, bruxas e onde habita o maligno.

O ornitólogo é um filme surpreendente que encanta pela fotografia de Rui Poças, muito bem trabalhada, e a narrativa que prende o espectador do inicio ao fim.

O ornitólogo foi o grande vencedor do festival de Locarno de 2016, o que é consagrador para o diretor de 51 anos, já que o festival é tido como palco dos mais criativos diretores da atualidade.

Esse filme foi meu primeiro contato com esse diretor, que também tem no Curriculum, o Fantasma e Morrer Como Homem.




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