sábado, 3 de junho de 2017

A última adolescência

Por Pachá
Carioca do bairro Imperial de São Cristóvão, Helio Brasil possui estilo de escrita clássica onde suas historias, na maioria, são ambientadas no bairro onde nasceu. E ele não esconde afeto que tem pelo bairro.

"Eu tenho um carinho especial pelo bairro, meu pai nasceu aqui. São Cristóvão faz parte da minha memória pessoal e é onde morei até meus 20 anos."

A última adolescência é um resgate da infância, das amizades, do primeiro beijo, da primeira trepada, de sonhos e desesperanças pueris. Com narrativa elegante, erudita até, os vários personagens que desfilam pelas tramas do romance, carregam essas experiências da transição da infância para fase adulta onde os acontecimentos vão moldar o ser adulto. 

A estrutura do romance não linear, intercalada por introdução ou aprofundamento de personagens, no que tange a cronologia dos eventos, confere certa elegância ao conjunto de história dos moradores da Vila Elzira onde residem os vários personagens do livro, ou pelo menos a maioria. E é nesse micro cosmo que o autor tece delicioso apanhado do tecido social do subúrbio carioca, a labuta do imigrante quitandeiro, a mulher reprimida,  supersticiosa, pudica e fogosa, e a incansável luta pela sobrevivência e ascensão social.     A leitura também é uma volta no tempo, de um Rio de Janeiro em plena urgência de mudanças alavancadas pelo avanço industrial e imobiliário da cidade, os bondes elétricos, o automóvel, as ruas tão bem descritas nas passagens do romance. E um  pouco do resgate da história do bairro imperial de São Cristóvão dos anos 40, dos casarões, ruas, clubes e cinemas, 

E diante do exposto, a leitura cumpre bem seu papel de entretenimento com doses de nostalgia de um tempo acessado apenas pelas lembranças, como deve ser o passado, e uma vez que a única coisa que podemos mudar do passado é nossa interpretação dos acontecimentos e assim guiar os passos no futuro.








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