Por Pachá
"Você sabe quanta coragem é preciso
para ser ninguém e ainda ser você mesmo?"
Sergei Dovlatov (1941-1990) um dos mais influentes escritores russos contemporâneo, não viveu, para aproveitar os louros da fama ou mesmo testemunhar a publicação de seus livros em seu pais...
O filme de Aleksey German tem como recorte, o ano de 1971, e o partido comunista realiza os preparativos para mais um ano de comemorações do aniversário da Revolução Russa. Dovlatov (Milan Maric) está separado de Elena Dovlatova (Helena Sujecka), com a qual tem uma filha, Katya. Dovlatov luta para publicar seu primeiro romance (ou contos), e enquanto isso não acontece, ele trabalha como jornalista no jornal do sindicato.
O filme de Aleksey German tem como recorte, o ano de 1971, e o partido comunista realiza os preparativos para mais um ano de comemorações do aniversário da Revolução Russa. Dovlatov (Milan Maric) está separado de Elena Dovlatova (Helena Sujecka), com a qual tem uma filha, Katya. Dovlatov luta para publicar seu primeiro romance (ou contos), e enquanto isso não acontece, ele trabalha como jornalista no jornal do sindicato.
O filme capta com maestria a situação sócio cultural da União Soviética naquele período, no qual sem apresentar avanços econômicos e sociais, o partido tenta esconder isso do povo, e dai reside o conflito da trama, pois os manuscritos de Dovlatov são tristes, e isso não comunga com a visão que partido quer passar para o povo. O desalento artístico tem dois caminhos, a pusilanimidade ou exílio, este último é o caso de Iosif Brodsky, considerado um dos maiores poetas russos, que morreu no exílio sem qualquer noticia da família ou poder publicar em sua terra natal.
A maestria reside também nas imagens e planos longos da fotografia de Lukasz Zal que passeia com a câmera nas reuniões dos artistas criando belas composições com cores suaves e ao mesmo tempo impregnadas de uma nostálgica esperança, de que tudo vai ficar bem, e até aceitamos a repetitividade desse encontros, pois neles residem a remontagem do passado e imersão na situação da época. A narrativa também tem sua força dramática, retratando o caráter do artista russo (e também do povo), a cena em que Dovlatov escorraça um suposto agente literário (um escritor que escreve o que o partido quer), é um exemplo, e não está muito distante da Russia há um século aproximadamente, no romance os demônios de Dostoiévski, é possível fazer esse paralelo, muito embora Dostoiévski tenha aceitado alguns trabalhos por encomenda, mas com liberdade para escrever.
Dovlatov convive em sua jornada para ser publicado, com exemplos de artistas, que não se curvaram aos ditames do partido, a cena do poeta que agora trabalha no metrô é emblemática, assim como dos pintores, escultores, escritores que preferiram a pusilanimidade, de contrabandear, livros, revistas, discos, bebidas, dá a tônica do filme, "você sabe quanta coragem é preciso, para ser ninguém e ainda ser você mesmo?"
O filme tem um desenrolar lento, porém é parte da narrativa, nos colocar de certa maneira na angustia do escritor. Os diálogos são curtos, porém precisos, e com objetivo explicito de retratar muito mais a situação, do que se aprofundar no escritor propriamente, e creio que nisso reside a maestria do roteiro e da direção.
Dovlatov convive em sua jornada para ser publicado, com exemplos de artistas, que não se curvaram aos ditames do partido, a cena do poeta que agora trabalha no metrô é emblemática, assim como dos pintores, escultores, escritores que preferiram a pusilanimidade, de contrabandear, livros, revistas, discos, bebidas, dá a tônica do filme, "você sabe quanta coragem é preciso, para ser ninguém e ainda ser você mesmo?"
O filme tem um desenrolar lento, porém é parte da narrativa, nos colocar de certa maneira na angustia do escritor. Os diálogos são curtos, porém precisos, e com objetivo explicito de retratar muito mais a situação, do que se aprofundar no escritor propriamente, e creio que nisso reside a maestria do roteiro e da direção.
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