sexta-feira, 26 de março de 2021

Duna


Por Pachá

A saga de Duna começou a ser publicada em 1963, e em forma de capítulos, na revista especializada em sci-fi, Analog. Na época ficção cientifica era consumida em histórias curtas, contos, mas que no caso de Duna, muitos aconselharam Herbert a lançar a saga como livro, mas o vasto universo criado por Herbert não caiu no gosto dos editores do gênero. Em mais um exemplo de como a arte é injustiçada quando se coloca interesses comerciais acima da genialidade ou a falta de conhecimento, ousadia, diante do novo. E como a história nos mostra, nesses casos, é preciso a intervenção de alguém que não esteja comprometido apenas com maximização dos lucros, e que possua a percepção de estar diante de algo fresco e novo, e esse papel coube a Sterling E. Lanier editor da Chilton Book Company que era uma editora de livros técnicos, como manuais para consertos de equipamentos das mais variadas finalidades.

A obra de Herbert é tão seminal, que não só mudou a maneira de se pensar o gênero, como também influenciou obras como Star Wars e Game of Thrones, Guia do Mochileiro das galaxias, só para citar alguns. A partir de Duna se rompe com a ficção tecnicista, explicativa, de Isaac Assimov. Herbert cria um universo complexo e em mínimos detalhes, basta ver os anexo do livro 1, no qual há capítulos sobre protagonistas, religião, politica. Todo o universo concebido é isento de computadores, pois tecnologias que se assemelhassem a mente humana é terminantemente proibida. Sim, claro é um ponto cego na trama, pois essa tecnologia poderia ser cobiçada pelas demais casas para ampliar seu poder. Porém, engenhosamente Herbert substitui essas máquinas inteligentes pela especiaria, item de imensa cobiça pelo império (lembra da época das navegações), pois é por meio dela que é possível realizar longas viagens intergaláticas.

Ao introduzir aspectos da idade média com tecnologia alienígena e sem muitas explicações de como certas coisas funcionam, como por exemplo a dobra do espaço-tempo que permite as viagens intergaláticas, Herbert cria larga via para explorar intrigas palacianas, disputas feudais e a construção do mito, no caso Paul Atreídes que vai encarnar o messias salvador do povo de Arrakis ou planeta Duna, e ai nos damos conta de que os aspectos sci-fi se transformam em pano de fundo para o desenrolar da trama e a trajetória do herói.

O livro 1 da saga, Duna, começa com uma armadilha em curso arquitetada pela casa Horkonnen cujo líder é o barão Vladimir Harkonnen. Essa armadilha é percebida por Duque Leto Atreídes, que por outro lado não pode fugir, pois diante disso criará a ruína de sua casa, Atreides, perante as Grandes casas.

A narrativa é feita a partir do futuro pela percepção de Irulan a filha do imperador Padishah Shaddam IV, este temia a grande popularidade e carisma da casa Atreides e como todo fraco e omisso imperador, trama a destruição da casa Atreides.

A construção dos personagens é nitidamente, em algumas passagens, sacrificada em detrimento dos detalhes e tramas principais, mas a medida que nos aprofundamos no universo dos personagens criamos empatias e carismas.

Duna é uma obra, sem a menor duvida ou risco de pretensão, pela qual outras obras devem ser medidas e comparadas.

A saga é composta por 6 livros:


Duna - 1965

O Messias de Duna - 1969

Os Filhos de Duna - 1977

O Imperador Deus de Duna - 1981

Os Hereges de Duna - 1984

As Herdeiras de Duna - 1985





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