Por Pachá
O paraíso pode ser um lugar muito enfadonho para alguns, e ai se encaixa nosso protagonista, Andreas (Trond Fausa), e para ele, o paraíso pode até mesmo ser um inferno.
O filme de Jens Lien é uma distopia e/ou fantasia da condição humana diante do que é ou não a felicidade, ouso a dizer que vai além, e nos faz refletir de como nós sapiens, nos comportaríamos diante de um mundo isento dos sofrimentos, dores, físicas e emocionais, que atinge o ser contemporâneo e tantas outras coisas que forçosamente nos impregna de algum sofrimento. No entanto Andreas se depara com um emprego "perfeito", relacionamentos abertos, circulo de amigo. E todo e qualquer empecilho para um vida feliz, parece que foi eliminado, até mesmo a morte.
Andreas vai parar em uma cidade na qual as pessoas vivem inebriadas de uma felicidade que logo percebemos, ser uma espécie de conformismo coletivo. As preocupações de constituir uma família é trocada pela metódica e exaustiva atenção na decoração da casa. A infidelidade do relacionamento, por um jantar entre "amigos" previamente agendado. Essa felicidade com certo protocolo burocrático em que a todo instante se verifica se as pessoas estão bem é aos poucos contestado por Andreas ao perceber essa falta de emoção nas pessoas ao seu redor. E esse estar bem, se choca com a falta de adaptação de Andreas a esse novo mundo prefeito, mas desprovido de sentimentos mais elevados.
O roteiro que é de uma riqueza e inteligência formidável, é muito bem conduzido e nos entrega uma trama atraente, elegante em cores, sons e diálogos que instiga a curiosidade a cada frame.
O desfecho é previsível, mas ainda sim, recheado de cenas detalhistas que amplificam o estranhamento na trajetória do protagonista, que para o bem da coletividade, deve ser expulso do paraíso.
A narrativa empregada no simbolismo entre paraíso, purgatório e inferno, em minha percepção, é muito explicita, e muito bem trabalhada na questão estranhamento e história inusitada. A direção de Jens é segura e em conjunto com as ótimas atuações e um fotografia espetacular nos deixa a certeza de estar diante de uma obra de imenso esmero narrativo.
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