domingo, 12 de abril de 2020

High Life

Por Pachá

O primeiro filme em língua inglesa da diretora francesa, Claire Denis, é pouco palatável e com uma história suspensa por tênues fios de lógica, quando se trata de filmes do gênero ficção científica, ficando a atração por conta das ótimas atuações, principalmente de Robert Pattinson que vem se livrando da estigma do filme de vampiros juvenis (não confundir com Lost Boys).

A premissa é simples, como todo space movie, tripulantes vão aos confins da galáxia, seja para resgatar, estudar ou para encontrar fontes de energia alternativas, que é o caso de High Life. Mas em se tratando de Claire Denis, cuja filmografia vale a pena ser conferida, mesmo histórias contadas a exaustão, como é o caso das histórias espaciais, ela consegue colocar elementos que conduzem para longe do lugar comum, mas aqui, esses elementos acabam tirando o peso da narrativa, deixando a ficção cientifica como pano de fundo para um drama humano, que em minha percepção poderia ser contextualizado na Terra. 

Um ponto negativo, que pouco convence é o design de produção em se tratando de um sci-fi movie, mas que por outro lado deu a fotografia um papel fundamental, pois é ela que compensa essa arte pouco convincente, até possível ver inspirações em Solaris de Tarkovski nas cenas no interior da nave e também nas cores mas que não passa disso. A câmera de Yorick Le Saux e Tomasz Naumiuk é criativa e se movimenta com muita propriedade conferindo belos ângulos dos personagens, e mesmo o ritmo lento proposto para o roteiro, a fotografia cria dinamismo muito atraente com paletas de cores que fogem do característico tom asséptico dos filmes de naves espaciais.


O elenco tem nomes como Juliette Binoche, em uma personagem que é assinatura de Claire Denis, carregada de uma sensualidade animalesca e cartesiana, a cena em que ela se masturba em uma espécie de touro mecânico e depois se auto compara a uma bruxa, é sensacional. Pattison encarna um personagem mais humanizado da trama, que carrega o dilema humano diante do universo desconhecido, e aqui vale lembrar que nenhum membro da equipe é cientista especializado em matéria de astrofísica ou áreas ligados ao universo, todos são criminosos, são os refugos da sociedade que trocaram redução da pena ou arrependimento de uma vida de delitos por algo glorioso em uma missão suicida. Mia Goth (A Cura 2016) tem boa participação. André Benjamin faz ótima dupla com Pattison em diálogos que humaniza as questões por trás da missão.

Sou fã de Claire Denis mas não creio que esse seja o melhor filme para iniciar a filmografia dela, e sim Bom Trabalho seguido por Desejo e Obsessão e ai sim acho que poderá entender melhor High Life.


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