terça-feira, 23 de junho de 2020

Big Jato

Por Pachá

Esse certamente é o filme mais comportado de Claudio Assis que carrega em sua estética narrativa, o sexo e violência como força motriz. Baseado em livro de Xico Sá, o filme narra o processo de amadurecimento de Francisco (Rafael Nicácio) em uma "tradicional" família nordestina. 

O conflito que reside na transição da fase adolescente para adulta, é quase lugar comum na literatura e no cinema. Para Francisco há mais variáveis nesse processo, quando seu espirito "indomável" juvenil está dividido entre a figura paterna e o tio, ambos vividos por Matheus Nachtergaele. 

A fotografia de Marcelo Durst com muita câmera zenital, tenta trazer a crueza e farpas dessa relação, mas creio que não emplacou ao menos eu não consegui sentir essa atmosfera, houve sim, creio, uma preocupação com tons vintage  mas ainda sim há belas composições das refeições em família, do sertão.

Francisco quer ser poeta, mas aos olhos do pai, isso não dá futuro (uma verdade indubitável, mas uma vez fisgado por esse chamado, não tem volta), e por outro lado o tio, o incentivando a ser o que quiser, mas deixando claro que apenas a arte é que te dá as melhores ferramentas para entender o mundo a sua volta, e quando se mora no interior do sertão, em peixe de pedra, esse mundo se torna ainda mais vasto.

Uma outra coisa, que me chamou atenção, é que o filme não traz nenhuma marca do diretor, que é o estranhamento, desconforto e um posicionamento mais ácido perante o mundo, e o que se vê em Big Jato é uma filme quase de conformismo em forma de fábula, fiquei com essa impressão, e isso me acontece vez ou outra, quando se tem diretores em mais alto conceito, e Assis em minha opinião é um dos mais talentosos de sua geração.

E bom frisar que o filme não é ruim, pelo contrário, é um história bem fluida com boas interpretações, mas não consegui ver subversão na trama, algo muito explicito nas obras anteriores.









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