segunda-feira, 22 de maio de 2017

Terra deu, Terra come 2010


Por Pachá
O Documentário de Rodrigo Siqueira gira em torno da tradição e manutenção da memória de um grupo, no caso de Terra deu, Terra come, o Quilombo Quartel de Indaiá em Diamantina, cuja figura central é Pedro Alexina de 81 anos. Ele é um dos poucos que ainda possui o conhecimento do sepultamento na tradição Quilombola cujo cortejo é feito entoado canções no dialeto Benguela que era muito utilizado pelos escravos na região durante séculos XVIII e XIX, quando a região fervilhava de caçadores de diamante.

A abordagem adotada pelo diretor não esconde a encenação para contar uma historia verdadeira, caso em que Alexina coloca mascara de papelão e encarna um personagem, dando mostra de que a realidade carece sempre de ficção, ao passo que esta não tem compromisso algum com a realidade, desde que a verossimilhança interna da obra seja mantida, e Terra deu, Terra come joga o tempo todo com essa máxima.

Trespassa pela tradição do rito de morte, questões econômicas e suas lendas, como a de um enorme diamante escondido na terra por João Batista que faleceu aos 120 anos, sem saber onde havia escondido a joia, e que atrai muitos aventureiros para terras de Pedro Alexina e família.

A fotografia de Pierre de Kerchove contribui para atmosfera de dualidade entre realidade e ficção que foi muito bem explorado na montagem conferindo ao filme uma áurea de realismo fantástico.

O longa foi o grande vencedor do festival, É tudo verdade de 2010.



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