domingo, 28 de julho de 2019

Post Tenebras Lux 2012

Por Pachá

O cinema de Carlos Reygardas é extremamente autoral, imerso no mais profundo estilo do "ame ou odeie" e no seu quarto longa, essa máxima se mantém, uns classificam como um exercício da futilidade, fragmentos desconexos e até de vazio entediante. Em minha percepção um filme para ser bom não necessariamente precisa fazer sentido, desde que as imagens falem e instigue a construção de um universo próprio  e mutável para quem o assiste.

Post Tenebras Lux é daqueles filmes que as imagens te perseguem por dias, te questionando o que é bom e ruim em certas narrativas imagéticas, mas o fato é que a fotografia de Post Tenebras Lux é a primeira coisa que chama atenção, com foco seletivo com desfoque e dupla exposição, seguida  pelo desconforto logo na primeira cena na qual uma garotinha em um pasto, cercada de vacas, bois e cuidados por cães que nutrem carinho e respeito por essa garotinha, e dai nota-se que não há direção, a garotinha vai onde quer, faz o que quer os animais também, e tudo sob uma iminente tempestade que se anuncia.

A narrativa conta a história de uma família em momentos diferentes de seus integrantes,  Natalia (Nathalia Acevedo) e Juan (Adolfo Jiménez Castro). O casal passa por uma crise conjugal, onde o tratamento inclui mudança da cidade para o campo e até sessões de sexo livre.

A  atmosfera impressa sugere uma tragédia irremediável, a presença de um tinhoso estilizado explica esse mal que está prestes cair sob esta família. Em momento algum Reygadas tem a pretensão de dizer mais do que as imagens sugerem, aliás, pelo ritmo lento e arrastado de vai e volta na cronologia da família, as imagens tem imensa carga onírica, e creio que o filme pode ser assistido por esse viés de um sonho, onde nada faz sentido, mas que de alguma maneira (inconscientemente) guarda ligação com a realidade dessa família.


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