Por Pachá
Confesso que só o titulo já inspira curiosidade, e o filme de Galvão não decepciona, tem ritmo, tem diálogos bem construídos, boas interpretações, e uma trama existencialista convincente. A fotografia de André Carvalheira no entanto não me agradou, creio que poderia criar melhor conexão com a trama e personagens, mas optou por algo mais conservador.
Pedro (Vinícius Ferreira) abandona emprego, família e cai na estrada a procura de algo que não sabe se existe, e tão pouco é explicado pelo roteiro. Pedro se move na vontade de estar em lugar algum, e nessas ocasiões apenas o caos pode impor uma ordem, ainda que seja no deboche, escárnio e as vezes, quase sempre, materializado na figura humana, e aqui atende por Lucas (Marat Descartes) em uma atuação que por si só já vale o filme. O encontro intriga Pedro mas a vontade de fugir de Lucas se transforma no lastro que ele nem sabia que era isso que procurava...
No elenco ainda tem uma participação de Leonardo Medeiros como uma espécie de madre superior, bem ao estilo Lou Reed, e sua filosofia lisérgica.
O título foi colhido, provavelmente, no poema Uivo de Allen Ginsberg o poeta beatnik que mais tarde deu origem ao movimento Hippie.
Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, / arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, / hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado na maquinaria da noite, / que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz, / que desnudaram seus cérebros sob o Elevado e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos, (…)”
Nenhum comentário:
Postar um comentário