quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Joker 2019

Por Pachá

Consultando a filmografia de Todd Phillips, é impressionante, inacreditável até, que seja o mesmo cara que dirigiu inúmeras comédias, entre elas Se Beber não Case...certo, tem War Dogs, que sinceramente não curti, Lembro que quando anunciaram ele como diretor para o Coringa, eu não apostei expectativa alguma, mas ai anunciaram Joaquim Phoenix como protagonista, bem, as coisas mudam pois um ator pode  salvar um roteiro ruim ou direção equivocada, e Joaquim havia vivido Joe em you were never realy here de 2017.

O fato é que o filme, é uma pequena obra prima, há pontos negativos, como a falta de protagonismo do protagonista, no sentido de empurrar a história pra frente ao invés de ficar a mercê dos acontecimentos, mas quer saber, Phoenix entrega uma atuação que consegue deixar isso em segundo plano, um mero detalhe ignorado sumariamente pelo roteiro e direção. 

Nos USA o filme ficou cercado de polêmicas, pois alguns viram nele um incentivo a violência, ainda mais pelo fato de que no mês de lançamento, aconteceram dois ataques com armas nos USA, e alguns cinemas no Colorado se negaram a exibir o filme, pois em 2012 na estreia de Batman o cavaleiro das trevas, um atirador matou 12 pessoas durante uma sessão deste filme.

O coringa é a materialização do ditado, o oprimido anseia por se tornar opressor, e é fácil criar empatia pelos fracos e oprimidos, e quando estes revidam a justificativa quase sempre é, "ele não foi amado o suficiente" e é precisamente essa mensagem que o filme passa, Arthur Fleck (Joaquim Phoenix), é um ser carente de amor materno, paterno e desamparado pelo sistema self made man de Gotham, cidade fictícia, mas bem conhecida dos fãs dos quadrinhos do morcegão, e que tem na figura de Thomas Wayne (Brett Cullen) o cidadão que o sistema admira, a encarnação do American dream. Cidadãos como Fleck morrem pelas calçadas e ninguém dá a mínima, na transição ou desabrochamento, de Fleck para o Coringa, este precisa ser moldado pela violência, a cena que compara o pequeno Bruce, futuro Batman tentando enfrentar seu medo por morcegos e Fleck se assustando quando faz seu primeiro disparo, significa que ambos precisam se tornar naquilo que mais temem, aliais, essa é um frase do morcegão. Para Fleck, assim como em a Piada Mortal, um clássico dos quadrinhos, a diferença entre um sujeito são e outro insano, é apenas um dia ruim, ou uma vida repleta de pensamentos negativos. A emblemática dança escada abaixo, é a descida moral do anti herói já cinte do que se tornou ou libertou.

A fotografia é primorosa, as cores lembram kodachrome, mas com a nitidez do cinema digital 8k. Os planos não têm a intenção de passar agressividade e sim criar a proximidade do personagem, dai tantos closes. Segundo o diretor de fotografia Lawrence Sher embora não tenha qualquer relação com os quadrinhos, Joker 2019 tem um bocado de A Piada Mortal, mas que não foi intencional.

Que venha Joker II...já confirmado.



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