sábado, 5 de dezembro de 2020

Peeping Tom

 
Por Pachá

Scorsese sempre que perguntado sobre obras que o inspira, aponta Peeping Tom (No Brasil com titulo de Tortura do Medo) como um dos seus filmes favoritos. Filmado em 1960, é um thriller  talvez seja o primeiro slasher movie, muito embora tenha sido lançado logo em seguida de Psycho 1960, este marcado pela cena de assassinato no banheiro. Em minha percepção, Peeping Tom é superior ao filme de Hitchcock. 

O roteiro opta por uma trama aberta, ou seja, é mostrado o assassino ainda no primeiro ato, ficando o mistério para as intenções do personagem e como executa seus planos, Mark (Karlheinz Böhm 1928-2014) que entrega uma atuação magistral. Há também a metalinguagem, já que o protagonista, é um fotógrafo e trabalha no cinema, a cena em que ele monta um cenário, dentro do próprio filme em que está trabalhando, para fazer mais uma de suas vítimas, é bem interessante e com muito suspense, pois sabemos  que ele vai matá-la. A cena em que a mãe cega adentra o laboratório de Mark e pede que ele descreva cada frame de seu trabalho, é de uma inteligência e domínio de linguagem cinematográfica poderoso.  


Os eventos que empurram a trama são muito bem delineados, fluídos com diálogos enxutos, objetivos até o clímax. Passamos a conhecer Mark por meio de Helen (Anna Massey 1937-2011) o que vai tornando a trama mais tensa a mediada que Helen vai se tornando uma potencial vítima de Mark que tem fixação pelas imagens de terror estampado em suas vítimas no instante em que deixa a vida. A trama carrega o mesmo drama de maus tratos na infância que tem em Psycho e ambas as produção aconteceram quase que simultânea o que descarta uma possível influência em ambos os casos. 

Tentar imaginar a recepção de público e crítica do filme nos anos 60 é um bom exercício, uma vez que o filme encontrou problemas em seu lançamento pois foi considerado mórbido e revoltante, e olha que não há uma cena de sangue, as mortes são assépticas ao contrário de Psycho que tem o sangue que escorre pela banheira e ralo. 

Ao contrário de Psycho que não há muito aprofundamento do assassino, Powell se vale dos postulados freudianos da história de Leo Marks e abre vias largas para o gênero serial killer que vai ser explorado décadas mais tarde, e um dos exemplos que me vem a mente, é um Tiro no Escuro de Brian De Palma.

Powell que segundo IMD, trabalhou como diretor de fotografia em Chantagem e Confissão de Hitchcock, faz um ótimo trabalho de fotografia em Peeping Tom e também atua, ele faz o papel do pai de Mark, um biólogo que fazia experiências sobre medo com o próprio filho.

magnetlink peeping tom 1960

Legendas PtBr

Nenhum comentário:

Postar um comentário